Acordo comercial alimenta interesse europeu nas eleições nos EUA

Acordo comercial alimenta interesse europeu nas eleições nos EUA
De  Isabel Marques da Silva
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A política levada a cabo do outro lado do oceano Atlântico tem cada vez maior impacto na vida dos cidadãos europeus, sobretudo devido à negociação do acordo de livre comércio entre Estados Unidos e Un

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A política levada a cabo do outro lado do oceano Atlântico tem cada vez maior impacto na vida dos cidadãos europeus e foi essa lição que a região belga da Valónia quis ensinar, em outubro, quando atrasou a assinatura do acordo comercial entre União Europeia e Canadá, obrigando a cláusulas de maior proteção dos direitos sociais.

As eleições nos Estados Unidos, a outra potência dessa região com a qual a União Europeia negoceia um tratado de livre comércio, preocupa também os valões e, tal como eles, muitos europeus que dependem de indústrias pesadas.

Não é apenas um receio em abstrato, mas uma realidade muito concreta já que, em setembro, a Caterpillar decidiu encerrar a fábrica em Charleroi, uma importante cidade industrial da Valónia mas que vem decaindo com a deslocalização das multinacionais para outras paragens.

O encerramento daquela unidade da construtora norte-americana de maquinaria pesada afeta a vida de sete mil trabalhadores, incluindo os subcontratados. A empresa alega perda de lucros nos últimos quatro anos

A funcionária da Caterpillar, Géraldine Cobut, realça o potencial impacto das eleições norte-americanas dizendo que “trabalhávamos numa fábrica norte-americana e a decisão de fechar veio dos Estados Unidos”.

“Necessariamente o que se passa nos Estados Unidos tem repercussões no nosso país, ao nível do emprego e de muitas outras coisas. Haverá sempre repercussões das eleições, talvez não no curto prazo, mas no longo prazo. Se me pergunta quais, não sei dizer, mas isso dependerá também de quem for eleito e da sua estratégia após as eleições”, acrescentou.

Ivan del Percio não acredita na criação de emprego devido ao novo acordo comercial, pelo contrário.

O sindicalista refere que “se analisarmos a experiência dentro da União Europeia vemos que o alargamento do mercado livre ao nível dos 28 países criou grande concorrência apenas ao nível dos trabalhadores”.

“O maior receio de um delegado sindical é que a abertura deste mercado aos Estados Unidos e ao Canadá ataquem também as condições sociais dos trabalhadores europeus e, nomeadamente, da Bélgica”, disse ainda.

Outro funcionário da Caterpillar diz que a ideologia não fará a diferença. Para Roberto D’Amico, “os dois candidatos têm a mesma visão sobre o tratado de livre comércio. Ganhe Hillary Clinton ou Donald Trump, haverá um aceleramento deste processo para assinar o acordo. Não temos ilusões sobre a possibilidade de ganhar a candidata democrata porque, em termos de protecionismo ou de liberdade dada às multinacionais, penso que ela tem a mesma visão que Donald Trump”.

A ideia de que mais comércio cria benefícios para toda a sociedade, e não apenas para as multinacionais, começa a ser difícil de vender a muitos cidadãos europeus. Mesmo que o acordo seja com países ricos e democráticos como os Estados Unidos.

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