A resposta ao pedido de reformulação chegou mesmo em cima da data-limite definida pela Comissão Europeia.
De Itália nem bons ventos e ainda menos boas notícias.
Irredutível, o governo eurocético fez orelhas moucas ao pedido da Comissão Europeia de reformulação da proposta orçamental e mantém a meta do défice nos 2,4%, acima dos 0,8% inscritos no Programa de Estabilidade, e a perspetiva de crescimento económico em 1,5%.
Um braço-de-ferro, dizem os eurodeputados, que pode custar caro.
"O Governo está a cometer um erro até pelo próprio tom que usa com a Comissão Europeia que está simplesmente a aplicar as regras que, no meu entender, estão a ser aplicadas com flexibilidade. Mas o Governo não está à procura de uma negociação para obter flexibilidade. Está à procura de um confronto propagandístico que não é bom para a economia italiana e europeia", disse à Euronews o eurodeputado italiano do grupo dos socialistas europeus, Roberto Gualtieri.
A eurodeputada Mara Bizzoto, da formação de extrema-direita Liga, que juntamente com o Movimento 5 Estrelas forma um executivo italiano de coligação defende a ousadia.
"Sinto-me capaz de assegurar à Comissão Europeia e a todos os que têm dúvidas em relação ao esboço de orçamento italiano que se trata de um plano corajoso que surge a pedido dos cidadãos cansados com as imposições de Bruxelas que não acrescentaram nada e que querem um Governo italiano que defenda os seus interesses", sublinhou a eurodeputada do Grupo Europa das Nações e da Liberdade.
Já o eurodeputado Jean Arthuis, da Aliança dos Democratas e Liberais, fala na questão da falta e coerência e da ambiguidade por parte do executivo italiano: "Quando se é membro da zona euro devemos ter a coragem de dizer aos eleitores que partilhámos uma parte da soberania. Que seja claro, ou falamos em soberania total e saímos da zona euro, como se deixou entender antes das eleições, ou não. Não podemos estar com um pé dentro e o outro fora."
Um porta-voz da Comissão Europeia acusou a receção da "revisão" da proposta italiana de Orçamento de Estado e remeteu uma análise para 21 de novembro. Altura em que se saberá se Itália poderá vir a sofrer as consequências e ser chamada a pagar uma multa histórica.