Comissão Europeia e Itália medem forças

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De  Joao Duarte Ferreira
Comissão Europeia e Itália medem forças

Dentro de poucas horas, Roma e a União Europeia poderão entrar em colisão.

"Não é de excluir que a dada altura, devido a vontade política ou a outra circunstância imprevista, o país decida o pior"

Beda Romano Correspondente, "Il sole/24 ore", Itália

Na origem do problema sem precedentes está a despesa excessiva contida no orçamento italiano para o próximo ano.

Na quarta-feira, tudo sugere que a Comissão Europeia vai dar um parecer negativo e tomar as primeira medidas contra o endividamento excessivo no país. A confirmar-se, caberá aos governos europeus decidir se apoiam esta recomendação.

Itália corre o risco de ficar isolada, tal como explica o correspondente do jornal italiano “Il sole 24 ore”.

"Os encontros entre os ministros das finanças nas últimas semanas sugerem que a Comissão goza de apoio generalizado relativamente à forma como está a lidar com esta questão o que poderá deixar Itália isolada em comparação com outros estados-membros", afirma Beda Romano.

O procediemnto por défice excessivo nunca foi aplicado: este procedimento inclui medidas para diminuir a dívida pública e o financimanento desta podendo inclusivamente levar à imposição de multas. Roma contudo não mostra sinais de mudança.

"O governo goza de muito apoio e existe uma forte corrente eurocética no país. Não é de excluir que a dada altura, devido a vontade política ou a outra circunstância imprevista, o país decida o pior", acrescenta o correspondente italiano.

O problema com o défice excessivo de Itália ocorre numa altura em que a zona euro está a tentar fortalecer-se. Na segunda-feira, o eurogrupo acolheu com agrado uma proposta com vista à criação de um orçamento próprio.

Para o liberal Guy Verhofstadt, a Europa aprendeu lições com a crise financeira na Grécia.

"O Banco Central Europeu, de um lado, e um pacto de estabilidade e crescimento por outro não chegam para criar uma situação estável dentro da zona euro e reforçar a moeda única. Na minha opinião, trata-se do motivo principal por trás do orçamento da zona euro" adianta Verhofstadt que preside igualmente ao grupo dos liberais no Parlamento Europeu.

No entanto, apenas os países que respeitem as regras fiscais da UE podem ter acesso a este orçamento. Isto poderá pressionar o governo italiano a forçar as suas intenções relativamente à pertença continuada na moeda única.