Bruxelas revela cenário sombrio para economia da UE

A Comissão Europeia agravou as previsões económicas para o bloco dos 27 países face aos choques da Covid-19, apesar de já estar em curso o desconfinamento.
Nas chamadas previsões de verão, esta terça-feira, o executivo comunitário anunciou que o PIB deverá cair 8,3%, na média dos Estados-membros, em 2020.
A situação é muito negativa para o sul da Europa, com países acima dos 10% de contração, tais como Espanha, Itália e França. No caso de Portugal, a previsão é de 9,8% do PIB, muito acima da anterior projeção de 6,8%.
Mas o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, acredita que a recessão não se prolongará: "Cada um dos Estados-membros terá uma quebra no crescimento este ano e cada um deles deverá voltar ao crescimento no ano que vem".
Contudo, a incerteza continua a ser o principal problema, reconhece a comissão, já que poderá haver uma segunda vaga que exija novo confinamento.
Aprovar o novo orçamento da UE rapidamente
Por isso, Gentiloni realça a necessidade de aprovar rapidamente o plano de recuperação para os próximos sete anos, apesar das divergências sobre um novo fundo comum com emissão de dívida conjunta a cargo da Comissão Europeia.
"Na família europeia, não se pode aceitar essa ideia de que as divergências possam ser consolidadas e se prolongarão no futuro. Tal criaria problemas para o mercado único e para a força da zona euro", acrescentou Gentiloni.
O possível orçamento de quase dois biliões de euros (2021-2027) deverá ser debatido na cimeira da União, 17 e 18 de julho, à luz deste agravamento.
"Não estou nem otimista nem pessimista. Estou confiante na consciência que existe por parte de todos os chefes de Estado e de governo da necessidade de ter uma reação europeia comum. Sei que a discussão não será fácil, mas estou totalmente confiante nessa consciência e em que teremos um acordo antes das férias de verão", concluiu o comissário europeu para a Economia.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, viajará para Bruxelas para se reunir com os restantes líderes, depois de meses de reuniões por videoconferência.