Aumento de falências pode criar maior agitação social

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Direitos de autor BARBARA GINDL/AFP
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De  Isabel Marques da SilvaSandor Sziros
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As falências nas pequenas e médias empresas aumentaram mais de 25%, do primeiro para o segundo semestre de 2020, segundo as estatísticas do Eurostat.

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A cervejeira "A Selva" foi atingida pelo primeiro confinamento na Bélgica, em março passado, apenas dois dias depois de começar a laborar, e desde aí que o negócio luta pela sobrevivência.

Com bares e restaurantes fechados, obtiveram receitas muito baixas das entregas ao domicílio e a curta reabertura do verão não compensou. O segundo confinamento, desde novembro passado, criou uma situação desesperante.

"Claro que se isto continuar assim por mais cinco meses haverá um problema. Mas tentamos mantermo-nos otimistas", disse Christophe Bravin, co-proprietário da cervejeira, em entrevista à euronews.

Para este empreendedor, as medidas de apoio estatal nem sempre são dirigidas aos mais afetados pela crise económica.

“Penso que esta crise mostra que os grandes operadores não são muito afetados. As medidas que têm sido tomadas pelo governo servem para apoiar as grandes empresas e não tanto as pequenas. Isso vai acabar por matar as pequenas empresas, que são aquelas que deveriam receber maior apoio", opina Christophe Bravin.

Falências em alta e despesa social a baixar

As falências nas pequenas e médias empresas aumentaram mais de 25%, do primeiro para o segundo semestre de 2020, segundo as estatísticas do Eurostat.

O desemprego afeta 16 milhões de pessoas na União Europeia, e 40 milhões recebem apoio do estado em regimes de layoff.

Os sindicatos alertam para o risco de agitação social se houver cortes na ajuda e os confinamentos se prolongarem.

“As pessoas têm que ser ajudadas. Nos casos em que não seja possível reabrir a empresa devido ao confinamento, as pessoas terão de ser indemnizadas. Caso contrário veremos aumentar a agitação social. As pessoas vão protestar por não receberem apoio suficiente para continuarem a cumprir as regras", afirma Luca Visentini, secretário-geral da Federação Europeia de Sindicatos.

As instituições da União Europeia estão a finalizar a legislação para começar a distribuir os 750 mil milhões do novo fundo de recuperação.

Os Estados-membros devem continuar a fazer despesa para proteger as pessoas e as empresas. Caso contrário, o dinheiro que vão receber para a recuperação económica será inútil.
Luca Visentini
Sectreário-geral, Federação Europeia de Sindicatos

Muitos governos aguardam pelas verbas e e evitam despesa social que crie grande endividamento, mas poderá ser arriscado.

“Os governos dos Estados-membros têm muito medo de contrair nova dívida, apesar de essa dívida ser gratuita, porque atualmente as taxas de juro estão perto de zero. Portanto, não há razão para usar a desculpa da dívida para não prolongar as medidas de emergência social. Os Estados-membros devem continuar a fazer despesa para proteger as pessoas e as empresas. Caso contrário, o dinheiro que vão receber para a recuperação económica será inútil. Não serão capazes de recuperar se a atual situação não for enfrentada já", defende o dirigente sindicalista.

Os governos estão a terminar os planos nacionais que deverão entregar à Comissão Europeia sobre a forma como gastarão o dinheiro. Há também novos regulamentos que estão a ser ratificados nos parlamentos. A primeira tranche de 13% do fundo poderá ser desembolsada no início do verão.

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