Parlamento Europeu aprova nova Política Agrícola Comum

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Documento regulador do setor agrícola europeu esteve em discussão durante vários anos

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O Parlamento Europeu deu, esta terça-feira, "luz verde" à nova Política Agrícola Comum (PAC), que esteve em discussão durante mais de três anos.

Em teoria, a reforma da PAC serviu para torná-la mais ecológica, flexível, mas também mais justa em relação às pequenas explorações ou jovens agricultores.

Mas para produtores agrícolas como Tijs Boelens, à frente de uma exploração biológica de oito hectares, nem tudo são rosas. Pelo contrário.

"Mais uma vez não nos dão nada. Mais uma vez somos nós quem não tem apoio. Como de costume, a nova reforma da PAC resume-se a negócios. Trata-se de tornar os grandes ainda maiores. Estamos a dar dinheiro aos ricos. Não estou certo de que a população da União Europeia entende isso. Estamos a dar dinheiro público a pessoas que já fazem muito dinheiro", sublinhou, em entrevista à Euronews, o jovem produtor de 30 anos.

Na cooperativa agrícola para a qual Tijs Boelens trabalha produzem-se cerca de 60 variedades de legumes.

Por aqui, as ajudas europeias não vão além dos 2500 euros por ano.

Ana Panier, uma agricultora de 27 anos que também trabalha para a mesma cooperativa, fala em muitas dificuldades: "Para os jovens como nós é muito difícil trabalhar. Não temos terra, não temos uma exploração, não temos qualquer imóvel. Operamos com recurso a estufas tipo túnel de plástico. Construímos hangares com contentores. Fazemos o que podemos. Às vezes tem um lado extravagante, caricato, mas na verdade gostaríamos de trabalhar em celeiros, com o chão em betão e mais práticos."

Para os representantes das principais organizações e cooperativas agrícolas é tempo de seguir em frente.

Entendem que chegou a hora de fechar o capítulo das negociações, que já se arrasta há vários anos.

"Se perguntarmos a qualquer grupo de stakeholders nunca é suficiente. Todos temos as nossas ambições, mas agora trata-se do compromisso que se alcançou. Não conseguimos tudo para a agricultura europeia. É um compromisso com o qual temos de viver. No entanto, considerarmos que se trata de um bom compromisso, que se alcançou a maioria dos objetivos e estamos empenhados", referiu Pekka Pesonen, secretário-geral da Copa-Cogeca, grupo que representa os interesses dos agricultores e dos negócios agropecuários europeus.

No parlamento europeu também se ouviram críticas, ambientais e sociais.

Para o eurodeputado socialista francês Eric Andrieu, um dos relatores do texto sobre a PAC consagrado à organização comum dos mercados, a reforma traz algumas certezas.

"Pela primeira vez desde o início da reforma vamos ter mais regulação do que desregulação. A pandemia mostrou-nos, uma vez mais, que os mercados, em particular os mercados agrícolas, são estruturalmente instáveis. Quando existem mercados instáveis são precisos instrumentos de regulação, de gestão de crise que permitam garantir os rendimentos dos agricultores", ressalvou Andrieu.

A reforma da PAC entrará em vigor em janeiro 2023.

Nos próximos sete anos, os agricultores portugueses terão ao dispor 9,7 mil milhões de euros.

O financiamento total destinado à política agrícola europeia entre 2021 e 2027 é de 386,6 mil milhões de euros a preços correntes, pouco menos de um terço do orçamento europeu.

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