Cimeira da UE: Líderes com mensagem mista sobre crise bancária

 o chanceler alemão, Olaf Scholz, afinou pelo tom otimista e tentou dissipar quaisquer preocupações sobre os bancos
o chanceler alemão, Olaf Scholz, afinou pelo tom otimista e tentou dissipar quaisquer preocupações sobre os bancos Direitos de autor European Union, 2023.
De  Isabel Marques da Silva
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Alguns Estados-membros continuam a rejeitar, mas o governo de Portugal recordou que é fundamental aprovar, rapidamente, o sistema europeu de garantia de depósitos da União Bancária.

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Alguns Estados-membros continuam a rejeitar, mas o governo de Portugal recordou, no final da cimeira da União Europeia (UE), sexta-feira, que é fundamental aprovar rapidamente o sistema europeu de garantia de depósitos para completar a União Bancária Europeia.

"A primeira mensagem que gostaria de transmitir é que registámos com agrado a mensagem de grande confiança que Christine Lagarde (presidente do Banco Central Europeu) transmitiu quanto à solidez do sistema financeiro europeu", disse o primeiro-ministro, António Costa, na conferência de imprensa, sexta-feira, em Bruxelas. 

Mas Costa disse ter tido a "oportunidade de sublinhar que essa estabilidade e essa confiança seriam seguramente reforçadas se pudéssemos acelerar a conclusão da União Bancária, em particular com o sistema de garantia de depósitos".

Num comunicado divulgado no final da cimeira da zona euro - que decorreu em regime alargado, mesmo com os países que não usam a moeda única - os líderes europeus garantiram que a resiliência do sistema bancário da UE foi "significativamente reforçada" pela União Bancária.

"O nosso sistema bancário é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez", salienta-se no comunicado, em que os chefes de Estado e de governo se voltam a comprometer "a completar a União Bancária".

Vários líderes preferem desvalorizar a nuvem negra no setor bancário que surgiu nos EUA e afetou a Suíça, nomeadamente o presidente francês, Emmanuel Macron: "As fundações dos bancos europeus são sólidos e estamos satisfeitos pelo facto dos nossos regulamentos serem exigentes nesta área".

"Aprendemos com as crises passadas. Podemos dizer que a zona euro é hoje a zona onde os bancos são mais sólidos", acrescentou Macron.

Para que serve a garantia?

Precisamos, realmente, de finalizar a discussão e chegar a conclusões claras, durante os próximos meses, sobre o mercado de capitais e a União Bancária Europeia.
Mark Rutte
Primeiro-ministro, Países Baixos

Mas as ações dos principais bancos europeus já estão a desvalorizar em bolsa, devido a alguma contaminação.

Uma União Bancária Europeia com garantia de depósitos comum poderia ser usada para ajudar bancos em dificuldades independentemente do Estado-membro, que por vezes é apenas mais frágil para lidar com estes fenómenos globais.

Isso foi reconhecido pelo chefe de governo dos Países Baixos, Mark Rutte, em declarações à euronews: "Precisamos, realmente, de finalizar a discussão e chegar a conclusões claras, durante os próximos meses, sobre o mercado de capitais e a União Bancária Europeia". 

"Mas não deve ser em reação ao que aconteceu, recentemente, nos EUA, ou com o banco Credit Suisse, porque pensamos que a atual supervisão é suficientemente forte. Mas, mesmo assim, temos de dar os passos finais", disse, ainda.

Um dos afetados pela desvalorização em bolsa é o Deutsche Bank, um dos maiores bancos da União Europeia. Mas o chanceler alemão, Olaf Scholz, afinou pelo tom otimista e tentou dissipar quaisquer preocupações.

"O Deutsche Bank modernizou-se, reorganizou profundamente o seu modelo de negócio e é um banco muito lucrativo. Não há necessidade de nos preocuparmos com nada", disse aos jornalistas.

O governo de Berlim é dos mais resistentes à ideia da garantia comum para depósitos. Como os bancos alemães estão na maior economia da União Europeia receiam serem chamados a socorrer bancos mais fracos noutros países.

A ideia está em debate desde 2015 e Comissão Europeia deverá apresentar propostas para desbloquear o processo.

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