New York Forum discute futuro de África

Enquanto as dúvidas pairam sobre a Europa, com uma economia em crise, é aqui, em África, que os indicadores são melhores. Alguns países alcançam níveis de crescimento que podem até ser considerados arrogantes.
Mas os problemas persistem. Pobreza, explosão demográfica, saúde, segurança e governação.
Os africanos deixaram de contornar estes problemas – pelo contrário, tocam ideias, desenvolvem e lançam programas. Foi isso que se discutiu no New York Forum Africa, em Libreville, no Gabão.
O desenvolvimento de África assenta sobre várias palavras começadas por i como independência e inovação.
Independência, entre outras, financeira, para lutar contra a fuga de capitais, que faz com que cerca de um bilião de euros deixem o país todos os anos. Quatro vezes a dívida externa do continente.
Quanto à inovação, a África não é um conjunto coerente, mas um mosaico de 54 países onde coexistem 1500 etnias. A inovação, em todos os domínios, é precisa para que o país se imponha na cena internacional: “Não pode haver paz e segurança sem justiça. Todos os esforços que estamos a fazer no continente, no sentido do desenvolvimento económico e financeiro só fazem sentido se houver justiça, Estado de Direito e responsabilidade. Só assim pode haver desenvolvimento”, diz Fatou Bensouda, procuradora do Tribunal Penal Internacional.
Outros ii importantes para África são as infraestruturas, a integração, o investimento e a inspiração.
Ao longo dos últimos dez anos, o continente teve uma taxa de crescimento anual a rondar os 5%. Mas são precisas melhores infraestruturas, para que este crescimento atinja uma faixa maior da população.
Com 200 milhões de pessoas entre os 15 e os 24 anos, África tem a população mais jovem do mundo. Prevê-se que o número duplique até 2045, pelo que é urgente mudar as políticas, de forma a diminuir o desemprego, que afeta três em cada quatro jovens.
“Para que os empresários estejam presentes, precisamos de um quadro legal apropriado e de um ambiente favorável aos negócios. Para que isso aconteça, o governo tem que estar motivado em termos de reformas. É tudo o que é preciso. Não têm de esperar pelo ocidente nem por ninguém. É simples. Sentamo-nos e vemos como podemos tornar o país mais favorável aos negócios. Se sim, não precisamos dos governos para mais nada. Isso atrai mais empresários e vamos poder fazer o nosso trabalho. É assim que se começam empresas e criam postos de trabalho. Assim acontece o crescimento de África”, diz Magatte Wade, fundadora da empresa Tiossan.
Este fórum serviu também para assinar o protocolo para o alargamento do programa de habitação social de Libreville.
Foi a segunda edição do New York Forum África. Estiveram presentes 700 líderes políticos e económicos.
O antigo conselheiro dos presidentes Clinton e Obama, Larry Summers, recordou que o desenvolvimento africano é o mais importante do século XXI e, para isso, basta recordar que muitos países africanos têm, neste momento, juros da dívida mais baixos que vários países na Europa.