A mulher que revolucionou a indústria do leite na Mauritânia

A mulher que revolucionou a indústria do leite na Mauritânia
Direitos de autor 
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

Nancy Abeiderrahmane nasceu na Grã-Bretanha, foi criada em Espanha mas, em 1968, casou com um político da Mauritânia e adotou a nacionalidade deste país.

Esta engenheira mudou a economia da Mauritânia ao criar, em 1989, em Tiviski, a primeira unidade industrial de produção de leite de camelo pasteurizado. Ela conseguiu reverter a dependência de leite importado, fazendo prosperar o setor do leite e produtos lácteos local mas também ao nível das exportações.

Vinte e cinco anos depois dá um novo passo e lança o seu primeiro livro. Um romance que fala das aventuras da sua vida:

“Cheguei à Mauritânia no início de julho de 1970. Quando ouvi falar da Mauritânia estava no último ano da faculdade de engenharia e o meu projeto final era criar uma fábrica de leite na Mauritânia. Em Nouakchott só havia leite em pó. Começámos em 1989. No início foi um desastre. Tradicionalmente era uma vergonha vender leite. Foram precisos cinco anos até conseguirmos resultados.

Recolhíamos o leite nos produtores ou eram feitas entregas de leite de manhã e à noite. As pessoas vinham com o seu recipiente e nós dávamos um pedaço de papel que dizia que o Sr. X, no dia Y, tinha entregue X litros de leite e os comerciantes começaram a ver este sistema com bons olhos, tornou-se uma moeda de troca, e nasceu uma economia, particularmente, para a compra de rações para gado, na estação seca. O impacto foi brutal, se considerado com o investimento realizado e com o tamanho da fábrica. Chegámos a ter mil fornecedores e as pessoas calculavam que haveria três mil famílias a viver disso, com a venda do seu leite puderam comprar veículos e manadas; as crianças passaram a ir à escola. Há casos exemplares. Foi muito interessante. Fui distinguida com a Ordem de Mérito, um prémio de Estado. Isto foi algo que me deu muito prazer porque, na altura, as coisas não corriam bem. É um Prémio Rolex”, conta a engenheira.

A leitaria da Mauritânia começou com uma pequena unidade de produção de leite de camelo pasteurizado. No início, as dificuldades para convencer os consumidores a comprarem este novo produto foram muitas. Mas a sua obstinação e tenacidade fê-la alcançar o seu objetivo.

Hoje, não só é um exemplo seguido noutros países como conseguiu a sua quota no mercado internacional de produtos lácteos.

Foi em 1993, que o seu trabalho foi reconhecido ao ser laureada com o prémio Rolex pelo seu empreendedorismo e por melhorar a qualidade de vida dos mauritanos:

“A minha casa é aqui. Ser mauritano é um estado de espírito e eu acho que me tornei uma boa mauritana”, diz Abeiderrahmane.

Estes camelos fornecem leite fresco à fábrica que o pasteuriza e vende nos diversos mercados.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Crianças refugiadas do Mali voltam à escola na Mauritânia

Porto de Baku: o polo comercial eurasiático focado em expandir e acelerar o crescimento

Watches and Wonders 2024: a elite da relojoaria revela as suas criações em Genebra