Como garantir uma recuperação sustentável na UE?

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O Real Economy esteve no Fórum Económico de Bruxelas para descobrir alguns dos maiores desafios económicos do bloco com o Comissário Paolo Gentiloni e o Presidente do Conselho da UE, Charles Michel

Depois de meses de confinamento por causa do coronavírus, a economia da União Europeia está a acordar e a recuperar o ritmo. 

Mas não vai ser uma recuperação fácil. De acordo com as previsões de Verão da União Europeia, a economia deverá contrair 8,3% em 2020 e crescer 5,8% em 2021.

Bruxelas tem um novo plano de investimento "NEXT GENERATION EU" e um orçamento reforçado a longo prazo. Para assegurar que a recuperação é sustentável, vai ser preciso atingir as metas climáticas e energéticas para 2030, incluindo pelo menos 40% de corte nas emissões de gases com efeito de estufa.

Quais devem ser as prioridades para os decisores políticos? **Quais as reformas necessárias?**Como serão implementados os planos de investimento?

O Real Economy esteve no Fórum Económico de Bruxelas para descobrir alguns dos maiores desafios económicos do bloco com o Comissário da Economia Paolo Gentiloni e o Presidente do Conselho da União Europeia Charles Michel.

**Plano de Recuperação **

Euronews(Sasha Vakulina): A União Europeia apresentou um plano de recuperação em julho, que ainda tem de ser implementado. Será suficiente para relançar a economia? E chega a tempo?

Charles Michel: A decisão que tomámos em julho é a demonstração de uma vontade forte a nível europeu. Porque agimos rapidamente e com força. Em poucas semanas conseguimos que todos os 27 chefes de Estado e de governo concordassem em mobilizar um montante sem precedentes - 1,8 biliões de euros - para os próximos anos, para mudar o nosso modelo económico e social com o clima e a agenda digital. Estes serão os pilares da nossa estratégia para o futuro da Europa.

Paolo Gentiloni: Penso que se trata de uma decisão extraordinária. Pela primeira vez, estamos a emitir dívida comum para apoiar objetivos comuns. É claro que não é a única resposta, porque não somos um estado federal. Os estados membros têm as suas próprias respostas. E se olharmos para o quadro geral, vemos tanto a resposta nacional como a resposta europeia comum. Sobre a parte comum, precisamos de coordenar todos os estados membros com as nossas prioridades : o Acordo Verde, a Agenda Digital e a resiliência das sociedades.

Euronews: Como é que muda o papel do Estado com o fundo de recuperação na União Europeia?

Paolo Gentiloni: De facto, mudou. Antes de mais para proteger os trabalhadores e as famílias. Basta pensar no que teria acontecido sem estas intervenções públicas! Existe uma ação mais alargada. Mas temos de garantir que o papel mais forte do Estado não está a substituir o setor privado e não está a perturbar a igualdade de condições no nosso mercado único. Porque quando falamos em "intervenção estatal" sabemos que os Estados não têm a mesma força dentro da nossa União. Portanto, temos de equilibrar com as nossas políticas comuns o risco de divergências entre os estados membros.

Charles Michel: Penso que a pandemia demonstrou que havia um interesse comum dos 27 em serem mais autónomos e independentes em relação às estratégias. E é por isso que penso que o clima e as ambições digitais são os nossos melhores instrumentos, e são também muito importantes para obter o apoio dos cidadãos europeus, particularmente dos jovens europeus.

Ambições Climáticas

Euronews: O objetivo da União Europeia de se tornar neutra em termos de carbono até 2050 será respeitado?

Charles Michel: Estou convencido de que agora há mais determinação do que nunca. Porque nos últimos meses tem havido mais consciência de que a agenda climática não é algo secundário. É vital. É vital para andar para a frente.

Paolo Gentiloni: Penso que a pandemia foi também uma oportunidade de treino forçado - tanto para as nossas novas ferramentas digitais como para a importância do ambiente e do clima. Por agora, penso que temos de insistir e avançar com mais força do que antes nesta agenda do Acordo Verde. Precisamos de duas coisas. A primeira é facilitar o investimento público e a segunda é coordenar todos os planos nacionais de recuperação e resiliência para os objetivos deste Acordo.

Situação em 2021

Euronews: Qual é a sua visão geral para 2021? A União Europeia ainda tem algumas opções na sua caixa de ferramentas, se forem necessárias?

Paolo Gentiloni: As opções são frequentemente criadas por eventos. Por enquanto, penso que o nosso principal objetivo é tentar instalar confiança e combater a incerteza. Porque não estamos na segunda vaga da pandemia, mas temos vários surtos locais. E isto está a criar um risco de uma nova incerteza. Portanto, a recuperação da nossa economia está em curso, mas para termos velocidade precisamos de ter mais confiança. O pacote europeu é absolutamente crucial não só do ponto de vista económico, mas também, diria eu, psicologicamente. Sim, temos um pacote europeu, por isso podemos estar confiantes de que nenhum Estado membro será deixado sozinho e que poderemos recuperar juntos. Esta é uma mensagem forte da Europa.

**Charles Michel: **Há muitos anos que consideramos o produto interno bruto um critério de desenvolvimento. A alteração do PIB em relação ao ano anterior tem sido frequentemente considerada como o único critério. Estou a abrir outro debate. Se queremos que a Europa seja protetora e solidária, se queremos que a Europa seja ambiciosa na melhoria da vida quotidiana de 450 milhões de europeus - precisamos de critérios diferentes. Vamos trabalhar com os Estados membros e com os economistas para encontrar a forma ideal de medir a melhoria da educação e a melhoria do acesso aos cuidados de saúde, eliminando a discriminação. Precisamos de outros critérios porque a força da Europa é baseada na ideia de que os valores europeus, os direitos humanos e o respeito por todos têm de ser o centro da nossa ação. E, se assim for, percebemos que o PIB não é um critério suficiente para provar que as nossas decisões têm um resultado positivo.

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