UE combate pobreza infantil: O caso dos ciganos da Croácia

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De  Naomi LloydFanny Gauret
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Nesta edição de Real Economy, debruçamo-nos sobre a pobreza infantil e vamos à Croácia acompanhar o trabalho feito com a comunidade cigana local.

Milhões de crianças na Europa estão em risco de pobreza ou exclusão social. A União Europeia tem uma iniciativa chamada Garantia para a Infância, que visa erradicar a pobreza infantil e os governos nacionais acabam de apresentar os seus planos de ação sobre a forma como o vão fazer. Um dos objetivos é a inclusão social das crianças ciganas. 

Reportagem na Croácia

Na região de Međimurje vive uma grande parte da comunidade cigana do país, muitas vezes separada do resto da população. Aqui, mais de 90% das crianças crescem em condições precárias.

Na comunidade cigana de Kuršanecencontramos Andrea Krznar, coordenadora de um programa-piloto financiado pela Comissão Europeia, em parceria com a UNICEF.


Juntos, visitamos Snjezana, que vive numa casa improvisada. Participa num atelier montado no bairro, para aprender a comunicar melhor com os filhos.


"Vejo a mudança. Quando os meus filhos estão no atelier, eles brincam, desenham, têm tudo o que precisam. Quando chegamos a casa, pedem-me para fazer a mesma coisa, e nós voltamos a fazê-lo", diz Snjezana Oršuš.

No atelier, Snjezana aprende sobre psicologia infantil, como criar uma relação equilibrada com as crianças e estabelecer uma rotina positiva:
 "Quando era criança, assisti a discussões entre os meus pais e disse a mim mesma que os meus filhos nunca iriam testemunhar isso e que iria cuidar bem deles, para que pudessem ir à escola e estivessem sempre limpos", explica.

As crianças ciganas estão entre as mais precárias da Europa: 85% estão em risco de pobreza, comparado com 24% para o resto das crianças europeias.

Andrea sublinha a importância deste tipo de atividades: "Estamos a reforçar as aptidões dos pais e as competências para criar melhores oportunidades para que comuniquem melhor com as crianças", diz.

O programa-piloto também abriu um espaço de educação informal e de brincadeiras para crianças dos 3 aos 6 anos de idade.

Bojana , que fala a língua romani com os filhos, adora vir aqui: "Trago-os para o atelier para que as crianças possam socializar, possam falar e aprender a falar croata, porque quando começarem a ir à escola, será mais fácil para eles. Gostaria que os meus filhos tivessem o que eu não tive, que terminassem a escola, que tivessem um emprego", conta.

Gostaria que os meus filhos tivessem o que eu não tive, que terminassem a escola, que tivessem um emprego.
Bojana Ignar
Mãe cigana

Embora um ano de educação pré-escolar seja obrigatório na Croácia, apenas 30% das crianças ciganas o frequentaram.

Diz Andrea Krznar: "Muitos pais pensam que os filhos são demasiado novos para se inscreverem na pré-primária, porque têm em casa alguém que pode tomar conta deles, a outra razão é que os serviços também são caros, embora haja algum financiamento por parte do Estado, talvez por vezes alguns pais não estejam cientes disto".

A União Europeia financia muitos programas para crianças como este, particularmente graças ao Fundo Social Europeu Mais.

Benjamin Ignac éum jovem residente em Berlim. Hoje, é analista político de uma editora internacional; no entanto, cresceu num povoado cigano como Kuršanec.

"Foi uma sorte os meus pais e o meu irmão mais velho terem-me ensinado a ler, a escrever e a fazer algumas contas básicas. Ao ver como a comunidade cigana em geral é tratada pela sociedade, percebi que a educação e a liberdade financeira eram a minha única esperança de quebrar o sistema", conta.

Ao ver como a comunidade cigana em geral é tratada pela sociedade, percebi que a educação e a liberdade financeira eram a minha única esperança de quebrar o sistema.
Beijamin Ignac
Jovem cigano, analista político

Graças ao apoio da família e professores, e graças às bolsas de estudo, Benjamin estudou nos Estados Unidos e em Oxford. Acrescenta: "Quando os professores me ajudaram a navegar através das minhas decisões, isso teve um enorme impacto na minha vida. Assim, os diretores e professores das escolas têm uma grande responsabilidade nisto".

Entrevista com Jana Hainsworth, secretária-geral da Eurochild

A Eurochild é uma rede de organizações que trabalham com crianças vulneráveis. Quisemos perceber em que ponto está a Garantia Europeia para a Infância e como está a ser posta em prática.

Naomi Lloyd, Euronews: O prazo para os governos apresentarem os seus planos de ação nacionais já passou. Que esperança tem de que, graças a estes planos, vejamos a garantia da criança ser implementada?

Jana Hainsworth: É um marco muito importante. Os planos de ação nacionais ainda estão a chegar. Alguns são ambiciosos e outros carecem de ambição. A garantia à criança não deve continuar a ser um compromisso no papel. Queremos ver esses planos de ação nacionais regularmente atualizados e regularmente revistos. Requer a colaboração de todos os ministérios responsáveis e, muito importante, requer o envolvimento das pessoas que serão diretamente afetadas pelas políticas. Assim, queremos ver o envolvimento das ONG, mas também das comunidades, das famílias e das crianças que vão receber os serviços.

Todos nós vimos as imagens desoladoras de famílias que fogem da guerra na Ucrânia. O que precisa de ser feito por estas crianças agora e nos próximos anos?

Em qualquer guerra, são as crianças que pagam o preço mais alto. Neste momento, é muito difícil compreender a enormidade da devastação. Obviamente, o mais importante é a vida. Haver corredores humanitários para que possam ser levadas para fora em segurança. Os Estados-membros terão, sem dúvida, de responder e estamos muito interessados em que os planos de ação nacionais tenham em conta este último desafio e assegurem que os serviços e os investimentos que fazem incluem os novos migrantes vindos da Ucrânia.

Em qualquer guerra, são as crianças que pagam o preço mais alto.
Jane Hainsworth
Secretária-geral da Eurochild
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