Oran recebe os Jogos Mediterrânicos num evento multidesportivo que une culturas

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De  Cinzia Rizzi
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Após 47 anos, os Jogos Mediterrânicos regressam à Argélia.

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Levantou-se a cortina em Oran, para a décima nona edição dos Jogos Mediterrânicos que começaram no dia 25 de junho. O evento multidesportivo, no qual participam mais de 3000 atletas de 26 países da região mediterrânica, teve início numa noite de verão no magnífico estádio olímpico da segunda maior cidade da Argélia. O local acolheu 40 mil sortudos, que puderam assistir ao vivo à cerimónia de abertura dos Jogos.

Dezenas de milhares de pessoas também saíram à rua para participarem neste evento tão esperado. E para receberem os visitantes de África e da Europa - como só os argelinos sabem fazer.

"Sou de Oran e vim especialmente de Varsóvia, da Polónia, para participar nos Jogos", diz-nos um homem. "É um orgulho para nós em Oran, para a Argélia, acolher estes Jogos Mediterrânicos... é ótimo!", diz uma jovem mulher.

Uma majestosa cerimónia de abertura

Após 47 anos, os Jogos Mediterrânicos estão de volta a solo argelino, a primeira vez foi em 1975 na capital, Argel. Para a ocasião, foi realizada uma majestosa cerimónia de abertura, com centenas de artistas, músicos e bailarinos. Duas horas de entretenimento no meio de um espetáculo de fogo de artifício, com a Argélia no centro da cena: as suas paisagens, a sua história e a sua influência na região mediterrânica.

As delegações dos 26 países participantes desfilaram numa atmosfera de loucura, que provocou verdadeiras explosões de alegria. Como é tradição, a delegação da Grécia, berço dos Jogos Olímpicos, foi a primeira a entrar na pista de atletismo, seguida por todas as outras.

A delegação argelina que foi recebida por uma calorosa ovação de pé do público em casa. Entre os atletas, a portadora da bandeira Imane Kehlif, a pugilista que é o vice-campeã mundial. Um orgulho para a jovem atleta, que já deixou a sua marca na história do boxe feminino no seu país. Em maio de 2022,  tornou-se na primeira mulher argelina a jogar numa final do Campeonato Mundial.

"Estou muito feliz, estou orgulhosa de ver o meu país receber estes Jogos Mediterrânicos", diz a pugilista de 23 anos. "Posso dizer-vos que toda a bacia mediterrânica se encontra no meu país. Como atletas, sentimo-nos como uma família... nós atletas da bacia vindos de Itália, Espanha, Egipto, Tunísia... Todos estes países formam um só país".

Os Jogos da unidade

Unidade. Este é o lema destes Jogos que reúnem três continentes: África, Ásia e Europa. Uma competição multidesportiva que fica atrás apenas dos Jogos Olímpicos, onde diferentes culturas, religiões e línguas se juntam.

O que conta é partilhar, como explica o presidente da Comissão Internacional dos Jogos Mediterrânicos, Davide Tizzano: "Existe uma grande diversidade entre os povos do Mediterrâneo, mas existe uma grande unidade e o desporto torna-se um fio condutor que une os jovens". Desta forma, destacam-se valores importantes, que são os pilares do movimento desportivo: estar juntos, conhecer novas culturas, misturar-se com outras culturas e compreender que o mundo próprio não gira à nossa volta, mas que existem vários mundos, cada um tem o seu, e que devemos, portanto, integrá-los".

Ponto de encontro

Durante 12 dias, os atletas vivem numa "aldeia mediterrânica", criada para a ocasião e espalhada por 39 hectares, a poucos quilómetros de Oran. No interior dormem, comem e também treinam, em áreas dedicadas. Cada nação tem o seu próprio edifício, mas o facto de se cruzarem nas ruas da aldeia permite que estes jovens atletas se conheçam e criem laços, apesar das diferentes culturas e tradições.

"Todos queremos vencer no dia D, mas no final todos nos abraçamos e respeitamos uns aos outros, e essa é a verdadeira vitória", diz-nos Luigi Busà, karateca italiano, portador de bandeira e campeão olímpico em Tóquio 2020. "Porque a certa altura a vida desportiva passa, mas as relações humanas com as pessoas com quem lutou no tapete ou no ringue ou noutro lugar permanecem. E é isto que temos de perpetuar para a geração futura".

A satisfação dos protagonistas

O evento desportivo tem lugar em 37 locais, espalhados dentro e à volta da cidade. Alguns são novos em folha e outros foram remodelados para competições e sessões de treino. O trabalho demorou anos e o resultado tem deixado todos satisfeitos. Pelo menos os protagonistas destes Jogos.

É o caso, por exemplo, do jogador de voleibol francês e portador de bandeira, Luka Basic: "É verdade que em comparação com as outras competições que estamos habituados a fazer enquanto jogadores de voleibol, a organização é diferente, mas estamos realmente satisfeitos por estarmos aqui neste  momento. Estamos desejosos de descobrir tudo, de nos divertirmos, de fazer com que as pessoas se divirtam através do desporto e é isso que vamos tentar fazer".

Os Jogos do Mediterrâneo continuam em Oran até ao dia 6 de Julho.

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