Com ajuda da UE, economia ucraniana resiste à guerra

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De  Bryan Carter
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A economia da Ucrânia dá mostras de resistência, muito graças ao dinheiro que tem sido enviado pela União Europeia. Real Economy mostra-lhe como tem sido aplicado.

A 24 de fevereiro de 2022, a Rússia desencadeou uma devastadora guerra de invasão sobre a Ucrânia. Pelo menos 8000 civis foram mortos. Milhões de desalojados. Milhões de infraestruturas destruídas. Mas a Ucrânia está a resistir. O Banco Mundial estimou o custo da recuperação e reconstrução da Ucrânia em cerca de 320 mil milhões de euros. O impacto da guerra é difícil de compreender, uma vez que vai já no segundo ano, mas o país ainda não parou.

No ano passado, a Ucrânia sofreu a desaceleração económica mais acentuada em mais de 30 anos, com uma queda de 30,4% no PIB.

A guerra mobilizou trabalhadores, perturbou indústrias e serviços, ao mesmo tempo que afetou gravemente as exportações agrícolas ucranianas, das quais a economia do país depende largamente.

Segundo a analista ucraniana Olena Bilan, a economia tem mostrado uma resistência surpreendente.

"Nas primeiras semanas da guerra, metade da economia não estava a funcionar. Mas, mais tarde, assistimos a uma recuperação bastante rápida da atividade económica. Isso durou até Outubro, quando a Rússia iniciou um ataque terrorista às infraestruturas energéticas da Ucrânia. Ao mesmo tempo, as empresas e as pessoas adaptaram-se a estes novos desafios e a uma escassez de eletricidade. Vemos empresas a comprar geradores, acumuladores e starlinks. Todas as pequenas empresas trabalham, apesar da ausência de eletricidade centralizada", diz a economista chefe da Dragon Capital.

Além de ganhar a guerra, esta economista diz que a restauração da rede energética da Ucrânia é a principal prioridade a curto prazo, uma vez que os mísseis russos danificaram pelo menos 40% das instalações energéticas do país.

A longo prazo, a reforma do país será um elemento essencial para atrair investidores e impulsionar a economia: "A Ucrânia precisa de dar mais passos no caminho da reforma. Isso não trará um resultado imediato. Mas as autoridades ucranianas precisam de mostrar uma verdadeira vontade de reduzir a corrupção", diz Olena Bilan.

Para apoiar as necessidades financeiras da Ucrânia, a União Europeia comprometeu-se a emprestar 18 mil milhões de euros só em 2023, em condições de empréstimo favoráveis.

Os fundos serão desembolsados em várias parcelas e estarão ligados ao respeito das condições estabelecidas no Memorando de Entendimento entre Bruxelas e Kiev. Estas incluem reformas do Estado de direito, desregulamentação económica e luta contra a corrupção.

De acordo com a vice-primeira-ministra da Ucrânia para a Integração Europeia e Euro-Atlântica, este pacote é um alívio bem-vindo: "Dá clareza e previsibilidade ao povo ucraniano e aos cidadãos ucranianos. Assim, conseguimos estar descansados e garantir a nossa função social como governo. Não é apenas uma soma significativa de dinheiro para a Ucrânia, é o maior pacote alguma vez acordado a este nível. Portanto, estou certa de que nenhum dos 27 estados membros da UE dirá sim ou dará luz verde sem ter toda a clareza sobre a atribuição de recursos e sobre as necessidades que o dinheiro irá cobrir", diz Olha Stefanishyna.

Nenhum dos 27 estados membros da UE dirá sim ou dará luz verde sem ter toda a clareza sobre a atribuição de recursos e sobre as necessidades que o dinheiro irá cobrir.
Olha Stefanishyna
Vice-primeira-ministra da Ucrânia

Entrevista com Valdis Dombrovskis

As autoridades ucranianas preveem um regresso ao crescimento em 2023. Mas isto dependerá, em última análise, da evolução da guerra e do apoio contínuo dos parceiros da Ucrânia, como a União Europeia.

Para mais informações sobre isto e sobre as relações comerciais da Ucrânia com a UE, sentámo-nos para uma entrevista com o vice-presidente executivo da Comissão Europeia pafa a Economia e Comércio, Valdis Dombrovskis.

A UE concordou em emprestar 18 mil milhões de euros à Ucrânia para 2023. Pode dizer-nos um pouco mais sobre esta assistência financeira?

Este programa existe para suprir as necessidades básicas de financiamento do governo da Ucrânia, para cobrir basicamente o défice de financiamento que a Ucrânia está a enfrentar. Assim, o FMI estima este hiato de financiamento num intervalo de 38 a 39 mil milhões de dólares. Assim, o nosso programa de 18 mil milhões de euros fornece uma parte substancial deste dinheiro.

Outros doadores internacionais como os Estados Unidos e outros países do G7, instituições financeiras internacionais como o FMI e o Banco Mundial deverão fornecer a parte restante.

Passemos ao comércio. Sabemos que já existe um acordo entre a UE e a Ucrânia desde 2017. O que mudou desde o início da guerra?

Desde o início da guerra, concordámos em liberalizar unilateralmente, plenamente, o acesso aos mercados da UE. Assim, os bens e serviços ucranianos podem entrar na UE sem quaisquer tarifas ou quotas. Portanto, esta foi uma decisão unilateral que tomámos em junho do ano passado e dura até junho deste ano. Atualmente, estamos a trabalhar no prolongamento destas medidas unilaterais.

É claro que o país ainda está em guerra, por isso é impossível saber quanta reconstrução será necessária. Mas o que é que aqui na Comissão Europeia pensa que deve ser feito para garantir que a Ucrânia possa reconstruir-se após a guerra?

Existe este princípio no direito internacional sobre a responsabilidade do agressor em pagar pelos danos. A questão é como poderemos aplicar este princípio. Resta saber se a Rússia estará disposta a pagar voluntariamente, como digo, ainda não se sabe. Estamos a analisar as possibilidades de como os bens russos confiscados podem ser utilizados para a reconstrução da Ucrânia. Esta é uma avaliação jurídica ainda em curso, que diz respeito tanto aos bens privados como também aos bens do banco central russo.

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