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Amr Moussa: "A Irmandade quer impor um regime de partido único"

Amr Moussa: "A Irmandade quer impor um regime de partido único"
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De  Euronews
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Amr Moussa é uma figura cimeira da oposição egípcia. Foi secretário-geral da Liga Árabe entre junho de 2001 e 2011 e responsável diplomático do Egito. Reivindicou o adiamento do referendo à nova constituição do país, mas acabou por ir votar.

Euronews: Formaram uma Frente de Salvação Nacional, depois do desentendimento com a presidência. Qual é o objetivo desta frente?

Amr Moussa: Esta frente coordena todos os grupos, partidos e figuras políticas que têm a mesma visão do Egito. Dentro das limitações do que podemos fazer neste país, tendo em conta a má situação que atravessamos. Esta frente nasceu depois da declaração constitucional de 21 de novembro, que a oposição rejeitou, porque a julgámos antidemocrática.

E: Pensa que a Irmandade Muçulmana tem a intenção de assumir o controlo total do Estado?

AM: Quando um partido ganha as eleições, coloca os seus homens em posições importantes e sensíveis. Eu posso compreender que assim seja aqui ou noutro país, mesmo nos Estados Unidos. Mas a diferença é que aqui, ele coloca os seus apoiantes e os seus amigos para tentar alterar a imagem de todo o Estado.

E: Por que razão a oposição não dá a oportunidade ao presidente Mohamed Morsi de aplicar o seu programa para o povo?

AM: Estamos preparados para isso. Ele tem o direito de ter essa oportunidade, porque ele é o presidente eleito, mas ainda não vimos o programa real. Somos simples cidadãos, organizamo-nos em partidos políticos, frentes, mas é o presidente que toma as decisões. Não pomos em causa a sua autoridade, mas opomo-nos a algumas das suas decisões políticas recentes, como por exemplo a sua declaração. Antes dessa declaração, nós estávamos prontos a ajudar o presidente, a Irmandade Muçulmana ou qualquer outro partido, a implementar com êxito um projeto democrático, sob a condição que ele respeite a democracia.

E: O presidente convidou-vos a participar num diálogo nacional para ultrapassar a crise. Por que razão rejeitaram?

AM: Não é este tipo de diálogo que nós queremos. Nós queremos falar dos temas que eu referi. Recusamos reuniões e discursos inúteis.
Nós respeitamos esta vontade de reconciliação, mas esta não acontecerá se não nos reunirmos e resolvermos os problemas de que falei.
Nunca dissemos que estávamos contra o diálogo. Bem pelo contrário, ele é necessário, mas nós somos contra as decisões precipitadas do presidente Morsi. Nós não aceitamos as decisões demasiado rápidas, porque isso não nos deixa mesmo tempo para refletir.

E: Os apoiantes da oposição querem a saída do presidente Morsi. Vocês também?

AM: A Frente de Salvação Nacional nunca pediu isso e nunca estudámos essa questão, mas ouvimos imensas vozes durante as manifestações que pediam a saída do presidente, porque as pessoas estão completamente desesperadas. Não veem uma luz ao fundo do túnel, porque o poder não lhes oferece nenhuma perspetiva.

E: Recusaram a declaração constitucional e o referendo, mas muitos dos vossos apoiantes foram votar.

AM: Eu integro-me nesse grupo. Tínhamos duas opções: ou boicotávamos o referendo ou participávamos, votando não. A maioria da oposição pronunciou-se a favor da segunda opção. A título pessoal, eu defendia esta última opção, porque me parecia importante participar neste escrutínio. Isso contribui para construir a democracia. Queríamos que as coisas mudassem. Agora, se isso se reproduz, se as decisões são tomadas contra o interesse do país e contra o interesse da maioria, como é o caso com este projeto de constituição, a nossa reação será mais radical. Espero que esta crise seja uma lição para o Egito, porque o nosso país não aguenta mais esta crise.

E: Quem governa o Egito hoje? É o presidente Morsi ou é o partido da Irmandade Muçulmana, como diz a oposição?

AM: Penso que é a Irmandade Muçulmana que governa e o presidente Mohamed Morsi é um dos seus líderes. Ele governa, não está no seu gabinete à espera. Eu não tenho um doutoramento sobre a Irmandade Muçulmana e a sua maneira de governar, mas tenho a certeza que a Irmandade quer impor um regime de partido único no Egito. Um partido da Irmandade Muçulmana que se chama Liberdade e Justiça e que governaria sozinho com o presidente.

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