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Presidente da Colômbia: "O que as FARC estão a fazer é um ecocídio"

Presidente da Colômbia: "O que as FARC estão a fazer é um ecocídio"
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De  Nelson Pereira
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Os colombianos estão a fazer as malas para a Europa. Durante a Cimeira UE-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em Bruxelas, o

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Os colombianos estão a fazer as malas para a Europa. Durante a Cimeira UE-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em Bruxelas, o presidente colombiano Juan Manuel Santos assinou um acordo que põe fim à exigência de vistos para os colombianos que visitem a Europa. Os cidadãos da Colômbia poderão viajar sem visto Schengen em 24 países da União Europeia para estadias inferiores a 90 dias, segundo o acordo firmado entre o governos deste país e Bruxelas. O acordo entra em vigor no próximo mês de Outubro.

Que significa este acordo para a Colômbia e para a Europa?
Em entrevista exclusiva à euronews, o chefe de Estado colombiano fala-nos do estado das negociações com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

A Colômbia é primeiro país que negocia o final de um conflito armado dentro do Estatuto de Roma. Juan Manuel Santos, que quando responsável pela pasta da Defesa, infligiu à guerrilha alguns dos mais duros golpes militares em toda sua história, diz-se empenhado num processo de paz realista e eficaz. Um processo que atravessa a etapa mais complexa.

euronews:
Presidente Santos, obrigado por estar connosco.
O resultado mais interessante da sua tournée europeia, foi a assinatura do acordo de isenção de vistos para os colombianos que, por motivos de lazer ou negócios, queiram entrar no espaço Schengen por períodos de curta duração. Qual a importância deste acordo?

Juan Manuel Santos:
Apreciamos muito este acordo e agradecemos. Agora, é necessário traduzir em todas as línguas o documento e que o Conselho da Europa confirme a decisão. É um procedimento simples, pois tudo está já definido.

O acordo estabelece que deixam de ser exigidos vistos aos cidadãos colombianos que visitem a Europa. O visitante colombiano vai poder permanecer no espaço Schengen por períodos inferiores a 90 dias. Seis meses depois, pode pedir uma segunda estadia, até um máximo de 180 dias por ano. É um modelo não só para turistas, mas também para profissionais que se desloquem à Europa para tarefas especializadas.

euronews:
A Colômbia limitará o número de pessoas que podem deixar o país?

Juan Manuel Santos:
Qualquer titular de um passaporte poderá fazê-lo e é óbvio que as autoridades da Imigração na Europa terão o direito de decidir a quem concedem ou não esta autorização.

euronews:
Senhor presidente, falemos do processo de paz negociado com as FARC. Há aguns meses atrás, disse-me estar convencido de obter a paz. Qual é a situação atual?

Juan Manuel Santos:
Continuamos a tentar resolver todos os problemas ligados a um processo complicado como este. Há apenas alguns dias, foi criada uma “Comissão da Verdade”, um passo importante para aquilo que chamamos “justiça transicional”. É um sistema jurídico específico . As vítimas querem saber como aconteceram certas atrocidades. Este é o ponto mais importante em qualquer processo de paz.

euronews:
Tem afirmado que o terrorismo representa também uma ameaça ambiental. Porquê?

Juan Manuel Santos:
As FARC têm crescido na Colômbia graças ao tráfico de droga. E o tráfico de droga destruiu já milhares de hectares de florestas tropicais. Um dos pontos fundamentais nas negociações de paz com as FARC, é que devem pôr fim ao tráfico de droga. Em vez de o protegerem, passam a ajudar-nos a substituir o cultivo ilícito por outras culturas agrícolas e a deter a devastação das nossas florestas tropicais.

Ao mesmo tempo, as FARC fazem terrorismo contra os oleodutos. Há uns dias, intercetaram 19 camiões que transportavam 5 mil barris de petróleo para o Equador e derramaram tudo na estrada. Este petróleo acabou nos rios, contaminando o meio ambiente. O que as FARC estão a fazer é um ecocídio.

euronews:
Sente-se traído pelos últimos ataques das guerrilhas?

Juan Manuel Santos:
É claro que há coisas que não me agradam nas atitudes das FARC, nem os ataques pessoais de que sou alvo, pois não lhe encontro justificação, mas fazem parte do processo. São os sapos que temos de engolir para que o processo continue.

euronews:
Que poderia fazer a comunidade internacional para pressionar as FARC?

Juan Manuel Santos:
Exatamente isso – pressionar. Dizer-lhes que, se querem que lhes seja reconhecida legitimidade amanhã, se quiserem trocar as balas por votos e obter algum tipo de reconhecimento, é necessário que acelerem as negociações e assinem acordos que sejam aceites pela comunidade internacional e pela sociedade colombiana.

euronews:
Sugeriu a criação pela União Europeia de um fundo para o pós-conflito. Que significa isto?

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Juan Manuel Santos:
O fundo vai ser criado, depende agora dos processos burocráticos da União Europeia, mas a decisão política já foi tomada. Faltam só os procedimentos legais indispensáveis. Nem todos os países declararam o valor da sua contribuição, mas é claro que, para a Colômbia quanto mais, melhor.
Este fundo vai ser criado, espero que muito em breve. A decisão será tomada pelos países que quiserem contribuir. Um conselho de administração será nomeado, na Colômbia ou aqui, onde acharem melhor.

euronews:
Que pode dizer-nos sobre os termos do acordo de paz?

Juan Manuel Santos:
Da agenda, constam cinco pontos. O primeiro tem a ver com o desenvolvimento do país nas áreas rurais. O conflito tem estado centrado no campo, onde a pobreza e a desigualdade são maiores.
Os três primeiros pontos, já foram acordados com a guerrilha. O primeiro refere-se a mais investimentos para o desenvolvimento rural e acesso dos camponeses à propriedade da terra. Apoio a projetos produtivos, investimento em bens públicos, como hospitais, escolas, estradas.

O segundo, pretende alargar a participação política, para tornar mais forte a nossa democracia. Devemos dar mais espaço às indústrias e regiões que não têm sido suficientemente representadas no parlamento. Precisamos de aprofundar a nossa democracia.

Outra questão, na qual eu tenho insistido, é que as FARC parem de apoiar o tráfico de drogas, que se afastem do negócio da droga e ajudem o Estado a transformar as culturas agrícolas ilícitas, a fim de erradicar do país o tráfico de droga. Imagine a importância que este passo terá para todo o mundo. A Colômbia ainda é, apesar do nosso relativo sucesso, o primeiro produtor mundial de cocaína. O consumo aumentou na Europa e nas cidades mais importantes de todo o mundo. O processo de paz é muito importante para a luta contra o tráfico de droga.

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Os dois últimos pontos estão ainda a ser negociados: um que diz respeito às vítimas do terrorismo e outro que estabelece um programa de desarmamento, desmobilização e reintegração dos guerrilheiros na sociedade civil.

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