Os médicos internos dos hospitais ingleses deram, esta terça-feira, início a uma greve que está, pela primeira vez, a afetar os serviços de urgência
Os médicos internos dos hospitais ingleses deram, esta terça-feira, início a uma greve que está, pela primeira vez, a afetar os serviços de urgência. A paralisação que arrancou às 08h00, hora local, visa pressionar David Cameron a fazer marcha atrás em relação ao novo modelo de contrato proposto pelo executivo britânico.
“Estou realmente preocupada com o facto de o governo estar a levar Serviço Nacional de Saúde britânico a um ponto de rutura e este é, apenas, mais um passo. Acredito no nosso sistema, temos um serviço de saúde fantástico neste país. Nos últimos anos assisti a algumas mudanças que vão acabar com o que temos e penso, que esta é uma das últimas e das mais significativas” refere Clare, uma das médicas em greve.
O conflito agudizou-se com as alterações propostas pelo governo britânico ao modelo de remuneração das horas-extra. O novo contrato para os médicos internos prevê um aumento do salário base, mas uma redução do valor pago aos fins de semana. Os profissionais de saúde preparam-se, por isso, para uma nova ação de protesto já esta quarta-feira. “Podemos não concordar com a visão do governo em relação aos sete dias de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, mas fará sentido acabar com os serviços de emergência prestados aos mais vulneráveis? Porque é isso que está a acontecer. A única questão que ficou por resolver nas negociações prende-se com o pagamento do dia de sábado. O prémio que oferecemos a estes profissionais é maior do que aquele que é pago a enfermeiros, paramédicos e assistentes” afirma o secretário de Estado da Saúde, Jeremuy Hunt.
O governo insiste que os sindicatos do setor não podem ir contra aquilo que os britânicos decidiram nas urnas, ou seja, a melhoria dos cuidados de saúde prestados durante toda a semana. Os médicos têm outra opinião.
A médica Nicola Miller defende que “ninguém tem interesse em estar na rua ou em derrubar governos. Os profissionais que integram a BMA, Associação de Médicos Britânicos trabalham em hospitais, sabem o que significa estar na linha da frente e estão, apenas, a tentar por na prática aquilo que realmente funciona. O secretário de Estado da Saúde, Jeremuy Hunt, nunca esteve na linha da frente, nem nunca trabalhou num hospital.”
A mais recente sondagem – Ipsos-MORI – mostra que 57 por cento dos britânicos apoia a luta dos médicos internos, menos 8 por cento do que em março.