A luta contra a extinção dos índios Kawahiva

A luta contra a extinção dos índios Kawahiva
De  Rodrigo Barbosa
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Depois de uma dura campanha para proteger os índios Kawahiva, um das últimas tribos isoladas da Amazónia, ameaçada de extinção, a ONG Survival International celebrava, no fim de abril, a decisão do Mi

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Depois de uma dura campanha para proteger os índios Kawahiva, um das últimas tribos isoladas da Amazónia, ameaçada de extinção, a ONG Survival International celebrava, no fim de abril, a decisão do Ministério da Justiça do Brasil de decretar uma zona protegida para os indígenas.

Uma vitória incompleta…

Mas os madeireiros ilegais continuam a ocupar as terras em questão e, por isso, a Survival International quer manter a pressão para que o governo e a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) acelerem o processo de demarcação da área de 411.844 hectares em questão.

Uma terra ainda ameaçada

Segundo a Survival International, o Matto Grosso (onde está localizado o território dos Kawahiva) é o único Estado na Amazónia brasileira onde a desflorestação aumentou (em 15%), nos últimos cinco meses de 2015.

Os territórios indígenas, que contêm alguns dos últimos vestígios da floresta tropical primária amazónica, são altamente cobiçados por madeireiros, rancheiros e mineiros.

Governo de Temer é “má notícia” para os Kawahiva

A euronews entrevistou, via email, Sarah Shenker, ativista senior da Survival International:

  • Quais são os próximos desafios para os Kawahiva?

  • Sarah Shenker: “O próximo desafio é a implementação, por parte da FUNAI, do decreto que estabelece, fisicamente, no mapa, a terra dos Kawahiva. Isto deve ser feito o mais rápido possível, para evitar um recrudescimento nas invasões de terras, depois da decisão por decreto. A campanha global da Survival está a fazer pressão sobre o presidente da FUNAI, para garantir que a sua equipa no terreno tem pessoal e fundos suficientes para demarcar agora o território e para garantir que é protegido de invasões, de acordo com a Constituição do Brasil.”

  • Quais são os riscos e consequências associadas à atual crise política no Brasil?

  • Sarah Shenker: “O governo interino de Temer é uma má notícia para os Kawahiva e para os outros povos indígenas do Brasil, porque é altamente influenciado por políticos anti-indígenas associados ao ‘lobby’ rural, que fazem pressão para revogar decretos de demarcação e mudar leis para enfraquecer drasticamente os direitos territoriais indígenas.”

  • Qual é a situação das outras tribos isoladas?

  • Sarah Shenker: “As tribos isoladas constituem as populações mais vulneráveis do planeta. Sabemos muito pouco acerca delas. Mas sabemos que há mais de uma centena em todo o mundo. E sabemos que populações inteiras estão a ser dizimadas pela violência de elementos externos, que roubam as suas terras e recursos, e por doenças, como a gripe ou o sarampo, contra as quais não têm qualquer resistência. Todas as tribos isoladas enfrentam uma situação catastrófica, se as suas terras não forem protegidas. A Survival está a fazer tudo o que pode para garantir [essa proteção] e para lhes oferecer a oportunidade de determinar os seus próprios futuros.”

  • Há quem considere que a área a demarcar é demasiado grande para uma população de algumas dezenas de pessoas. Qual é a sua opinião?

  • Sarah Shenker: “Os Kawahiva dependem dessa terra para a sua sobrevivência. Não é demasiada território. A razão pela qual são tão poucos é que os seus antecessores foram massacrados ou morreram de doenças na sequência das invasões das suas terras por parte dos madeireiros. Os Kawahiva vivem atualmente em fuga, numa porção das suas terras ancestrais, lutando pela sua sobrevivência.”

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