Trump sabe que a NATO é "do interesse dos EUA", disse secretário-geral à euronews

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A NATO "é algo do efetivo interesse dos Estados Unidos" disse o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, numa entrevista exclusiva, esta sexta-feira, ao correspondente da euronews em Bruxela

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James Franey/euronews (JF/euronews): secretário-geral da NATO obrigado por estar conosco. Tenho obviamente de começar por lhe perguntar sobre a vitória de Donald Trump nas eleições. Qual é o estado de espírito na sede da NATO? Imagino que os embaixadores dos países Bálticos não estejam muito contentes.

Jens Stoltenberg/SG da NATO (JS/NATO): Estamos todos ansiosos para trabalhar com o presidente eleito Donald Trump e estou ansioso por lhe dar as boas-vindas para a cimeira da NATO, aqui em Bruxelas, no próximo ano. Estou absolutamente confiante de que o presidente eleito Donald Trump estará empenhado e manterá o forte compromisso norte-americano com a NATO e com a segurança europeia.

JF/euronews: E os Estados-membros do Báltico partilham essa confiança? Surpreende-me que esteja tão confiante, tendo em conta as observações que Trump fez nos últimos meses sobre a aliança atlântica, que ele apelidou de obsoleta. É algo novo.

JS/NATO: O presidente eleito Donald Trump também disse que era um grande fã da NATO e sua principal mensagem foi sobre as despesas com a defesa, a partilha dos encargos entre a Europa e os Estados Unidos. Nisso concordo absolutamente com ele. Precisamos de uma repartição mais equilibrada dos encargos entre os Estados Unidos e a Europa. Não é viável, a longo prazo, que os Estados Unidos paguem 70% do total dos gastos com a defesa da NATO. E, por conseguinte, a minha principal mensagem, a minha prioridade desde que assumi o cargo em 2014, foi assegurar que os aliados europeus aumentariam os seus gastos com a defesa.

JF/euronews: Percebo isso, mas estou a tentar entender no que se baseia esse sentimento de confiança. Ninguém em Bruxelas ou Washington tem ideia do que poderá ser a política externa de Trump. No entanto, o senhor parece bastante descontraído sobre o facto de Trump pôr em causa a aliança e acha que tudo vai ser cor-de-rosa após a tomada de posse.

JS/NATO: Estou confiante por várias razões. Em parte porque é algo do efetivo interesse dos Estados Unidos. Temos visto ao longo de sete décadas que os aliados europeus são os amigos mais próximos dos Estados Unidos. Nós somos os melhores amigos da América. Em segundo lugar, a Europa tem defendido os Estados Unidos em muitas operações e coligações diferentes. No Afeganistão, mas também todos os aliados europeus da NATO estão a contribuir para a luta contra o Daesh, fornecendo diversos apoios. E as duas guerras mundiais também nos ensinaram que a estabilidade na Europa é importante para os Estados Unidos.

JF/euronews: Já falou com o presidente eleito Trump, está nos seus planos?

JS/NATO: Espero falar com ele muito em breve. A minha equipa está em contato com a equipa de transição e estou ansioso para conversar com ele. Depois dar-lhe-ei as boas-vindas, em Bruxelas, para a cimeira da NATO, que terá lugar no próximo ano, e espero, naturalmente, trabalhar com o presidente eleito Donald Trump numa vasta gama de questões que a NATO enfrenta. Temos de reforçar a defesa coletiva, mas também temos de projetar estabilidade, lutar contra o terrorismo e estabilizar a nossa vizinhança, tal como fazemos no Afeganistão ou no apoio à coligação que luta contra o Daesh no Iraque e na Síria.

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