Andy Murray: "a pressão é uma coisa boa"

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A poucas semanas do primeiro serviço em Wimbledon (dia 3 de julho), a euronews foi a Londres entrevistar o escocês Andy Murray, o campeão em título.

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A poucas semanas do primeiro serviço em Wimbledon (dia 3 de julho), a euronews foi a Londres entrevistar o escocês Andy Murray, o campeão em título.

Depois de vencer o ouro olímpico, em 2016, Murray está, agora, na liderança da lista mundial.

Apesar da boa forma, o escocês sabe que o espanhol Rafael Nadal e o suíço Roger Federer não lhe vão facilitar a vida.

Andy Robini, euronews: Andy Murray obrigado por estar connosco e parabéns por um ano incrível. Conseguiu manter o primeiro lugar, o que mostra uma excelente consistência. Recentemente, teve uma exibição sólida no Open francês e agora é a época do Wimbledon, onde tem a vantagem de estar em casa. O que significa, para si, jogar aqui? Como é a atmosfera?

Andy Murray: “É, obviamente, uma época especial do ano para todos os jogadores britânicos de ténis. Pode haver um pouco mais de pressão, do que é habitual, mas a atmosfera nos jogos é ótima, obviamente. O apoio a todos os britânicos durante a temporada é ótimo e ajudou-me muito, na minha carreira, e também aos outros jogadores. Tim Henman teve os seus melhores resultados, durante esse período. Muitas pessoas pensam que, às vezes, a pressão e a atenção fazem com que seja mais difícil jogar, mas creio que o apoio que se obtém durante os jogos, realmente, equilibra isso e faz uma grande diferença. ‘’

Andy Robini, euronews: Concorda com a ‘Murraymania’? Eleva o seu jogo ao invés de aumentar a pressão no torneio?

Andy Murray: A pressão é uma coisa boa. Eu gosto de estar nervoso. Creio que isso me ajuda a concentrar-me melhor. Pode, obviamente, ser enervante às vezes, mas, uma vez dentro do campo, os nervos e a pressão são coisas boas. Sinto que isso ajuda a melhorar o desempenho uma vez que já se passou por isso muitas vezes. Espero que seja outra vez assim, este ano.

Andy Robini, euronews: Vamos falar sobre os seus rivais. Quem são eles, este ano?

Andy Murray: No desporto, é sempre muito difícil saber. No Open de França, na secção feminina, tivemos uma jovem de 19 anos, que fez 20 durante o torneio, a Jelena Ostapenko, que venceu. Ela estava classificada como a número 50 do mundo.

Nos homens, tem sido um pouco previsível. Nos últimos tempos, tivemos os mesmos vencedores. Federer, obviamente, jogou muito bem este ano e Nadal teve, mais uma vez, uma prestação incrível, no Open de França.

Espero ter uma boa prestação, também, mas creio que vá ser um evento interessante.

Penso que há alguns jogadores que podem ganhar.

Andy Robini, euronews: Mencionou Roger Federer. Foi derrotado, por ele, em 2012, e, no final, deu um discurso que todos nos lembramos. Foi bastante emotivo. Quão longe chegou desde esse momento, física e mentalmente falando?

Andy Murray: Mentalmente, creio que aquela foi uma derrota difícil, para mim. Foi um dos jogos mais difíceis da minha carreira. Foi a quarta vez que perdi numa final do Grand Slam. Até àquela altura nunca tinha ganhado nenhuma final do Grand Slam.

Tive algumas hipóteses, naquela partida. Eu estava preparado. Eu tinha um set de vantagem. Tive pontos para uma quebra de serviços, no segundo, e não consegui… Por isso foi difícil e, obviamente, muito emocional para mim, mas lidei bem com isso.

Joguei as Olimpíadas, no mesmo campo, contra o Roger, na final, quatro semanas depois, e joguei uma das melhores partidas da minha carreira, naquele dia. Foi um verdadeiro ponto de viragem na minha carreira.

Andy Robini, euronews: ‘E quanto à sua equipa? O seu treinador é Ivan Lendl, que obviamente é uma lenda do desporto. Como é trabalhar com ele e, enquanto crescia quem é que admirava?

Andy Murray: Sim… Creio que ter um grande ex-jogador na tua equipa pode ajudar muito pois passou muitas das mesmas experiências que tu tens, competindo nas finais do Grand Slam, jogando contra grandes jogadores, tendo, sempre, que lutar para melhorar o seu jogo, isso se se quiser manter no topo.

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A maioria dos grandes jogadores passou por momentos difíceis, nas suas carreiras e quando se ouve um dos melhores jogadores de sempre a dizer: “Lembra-te de quando eu passei por isso,” ajuda e faz a diferença. É por isso que vemos muitos dos melhores jogadores do jogo a trabalharam com ex-jogadores, especialmente com aqueles que estiveram no topo do jogo.’‘

Andy Robini, euronews: Deve ser difícil. O calendário de ténis está completamente cheio. Pensa que é demais, que deveriam reduzir o número de torneios obrigatórios?

Andy Murray: Sim, creio que isso seria bom. Penso que seria bom para o ténis. Isso ajudaria à longevidade dos jogadores que, na minha opinião, é uma coisa boa.

A temporada começa na primeira semana de janeiro e o último torneio é em meados de novembro. Isso varia consoante os anos, mas não há muito tempo para pausas e descansar. É importante permitir que o corpo faça isso. Então, como as coisas estão, no momento, é preciso ser muito inteligente com o agendamento e tirar as semanas e os dias que se puder.

E sim, ter menos eventos obrigatórios podia ajudar nisso.

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Andy Robini, euronews: Se não se tivesse tornado profissional, o que estaria a fazer?

Andy Murray: Estou muito agradecido pois o ténis resultou para mim, mas, sabe, tomei a decisão, quando tinha 15 anos, de que queria tentar ser um tenista profissional e isso funcionou muito bem para mim.

Talvez tivesse feito alguma coisa diferente. Gostaria de ter passado algum tempo na universidade. Muitos dos meus amigos fizeram isso e foram para universidades americanas e gostaram muito.

Com um pouco menos de pressão quando eram jovens, continuaram com o ténis, mas também obtiveram uma educação. Eu parei isso, quando era novo, e felizmente o ténis resultou, mas talvez tivesse feito alguma coisa diferente.

Eu adoraria ter trabalhado no desporto. Pratiquei várias modalidades diferentes. Eu assisto e sigo o desporto. Gosto muito, por isso, teria feito alguma coisa no desporto, com certeza.

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Andy Robini, euronews: Recentemente, homenageou as vítimas dos ataques de Londres e de Manchester. Na sua autobiografia, “hitting back”, menciona um incidente em que esteve envolvido quando era mais jovem, um tiroteio na sua escola. Gostaria de saber como recuperou disso? Como é que se tornou no número um do mundo depois de ter visto isso?

Andy Murray: Foi um período difícil para todos, na cidade, e para as famílias de todos. Eu era extremamente jovem, na altura, então não sei qual foi o impacto que isso teve no meu ténis, mas estou orgulhoso do que consegui, na minha carreira, e agradeço todo o apoio que sempre tive de Dunblane . Todo a gente lida com os problemas de forma diferente, mas creio que a melhor coisa a fazer é falar sobre isso. É necessário discutir isso. É importante falar sobre os seus problemas e não guardá-los. Isso pode tornar as coisas mais difíceis e, sim, falar é sempre a melhor opção, penso eu.

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