Itália criou um "Passe verde" para locais fechados, que entra em vigor a partir de 6 de agosto. As manifestações contra a vacinação repetem-se no país
O chamado "Passe Verde" (de saúde), que o governo de Roma quer pôr em vigor a partir de 6 de agosto, está a dividir os italianos.
Nos últimos dias, mais de 30 mil pessoas manifestaram-se, de norte a sul de Itália, para protestarem contra o passe e reclamarem liberdade.
São cidadãos que contestam a vacinação e as medidas do governo e cujas posições contrastam com a dos empresários e comerciantes, dispostos a tudo para fazer voltar a vida do país à normalidade.
A repórter da Euronews, Giorgia Orlandi refere que a maioria das pessoas com quem falou no centro histórico de Roma é a favor do passe de saúde em Itália e não parece incomodada com a sua utilização para aceder ao interior dos restaurantes, ginásios ou locais culturais. Vê o documento, sobretudo, como a única forma de encorajar as pessoas hesitantes a vacinarem-se.
Segundo as autoridades, desde que, na quinta-feira, foi anunciada a decisão de introduzir o novo passe na vida social em Itália, os agendamentos de vacinas cresceram 200%.
Nas ruas de Roma, um cidadão considera que "o passe é sobretudo dirigido aos indecisos, porque são todos aqueles que terão de o ter para poderem retomar as atividades que fazem normalmente, algo que não será possível sem o passe de saúde"
Uma jovem afirma: "Penso que é normal as pessoas estarem contra. Mas que sentido é que faz? Ou seja, não querem ter uma vida normal? Se essa for a única maneira, eu sou a favor. Penso que, sem um novo conjunto de regras, não se sairá desta pandemia. E eu, como tantas outras pessoas, quero voltar à normalidade".
Num restaurante da capital, onde só poderão entrar pessoas com o passe verde, o proprietário defende que o documento transmite uma sensação de garantia de saúde e proteção, tanto para os donos como para os clientes e acrescenta, resignado: "Podemos perder alguma coisa em termos de receitas, mas não não se pode ter tudo na vida".
O passe vai exibir dados pessoais. Entre os que concordam com as novas regras, há preocupações com a privacidade dos cidadãos.
"É muito desconfortável. Porque é que tenho de apresentar todos os meus documentos a toda a gente? Perco a minha privacidade por causa da Covid", protesta uma mulher.
O debate sobre o "Passe Verde" assumiu um papel central no parlamento, ameaçando minar a coligação no poder. Se, por um lado, o Ministro italiano do Interior condena as manifestações contra a vacinação; o líder da direita radical, Matteo Salvini, diz que os políticos deveriam respeitar e ouvir as vozes dos manifestantes.