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Vencer os mitos da menstruação

Moçambique
Moçambique Direitos de autor André Catueira/ 2021 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Direitos de autor André Catueira/ 2021 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
De  Euronews com Lusa
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Em Moçambique, há alunas a chumbar por faltas porque têm vergonha de ir à escola

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Em muitas regiões de Moçambique, a menstruação ainda é um tabu e pode afetar a vida e a educação das mulheres. Há quem diga que uma rapariga com a menstruação não pode frequentar lugares públicos, que as mulheres não podem pôr sal nas refeições para não provocar hérnias aos maridos, ou que se o sangue menstrual for visto por homens a mulher não engravida e não casa. São mitos que alimentam o mal-estar e a vergonha das adolescentes nas escolas.

Ester João tem 14 anos. Até 2020, todos os meses esperava que o período terminasse para regressar às aulas. Acabou por chumbar no oitavo ano por excesso de faltas. Agora cose pensos reutilizáveis a partir de capulanas.

A iniciativa foi lançada pela ONG “Save The Children”. “Queremos reduzir os eventos que colocam as meninas fora do sistema de educação”, disse à Lusa, Ana Dulce Guizado, diretora do “Save The Children” em Manica.

André Catueira/ 2021 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Projeto da “Save The Children” em MoçambiqueAndré Catueira/ 2021 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O programa ensina as raparigas a costurar os seus próprios pensos, com a ajuda de tutoras e enfermeiras que falam sobre a higienização.

Em média, por ano, 50 alunas em idade menstrual não terminavam o ano letivo no distrito de Tambara até 2019, número geralmente associado a fragilidades económicas das famílias, que não conseguiam ter trapos suficientes – depois de usados eram enterrados – ou comprar pensos descartáveis para cobrir o ano letivo.

Em dois anos, o programa, que se estende até 2023, conseguiu ensinar a costurar 1947 raparigas dos 12 aos 24 anos nos quatro distritos de implementação: Manica, Macossa,Machaze e Tambara.

“As pessoas não têm dinheiro para adquirir [pensos convencionais] e são poucas as lojas que têm este tipo de produto” diz Julieta Dzingua, diretora distrital da Saúde.

Lúcia Beca, 55 anos, faz uma demonstração do uso dos pensos tradicionais em mais uma sessão onde novas raparigas vão aprender a costurá-los.

Rosalina Sérgio dá o exemplo: está no seu segundo ano menstrual e nunca precisou de faltar à escola desde que passou a utilizar os pensos reutilizáveis.

Outros desafios permanecem, refere Ana Dulce Guizado, como a dificuldade de algumas famílias até para ter material com que costurar, mas o projeto tenta dar resposta e levar matéria-prima até esses agregados familiares.

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