Há uma nova ameaça no Polo Sul: um icebergue com 1.550 km2 libertou-se

Imagem da falha Chasm-1 na plataforma de gelo Brunt, no Pólo Sul
Imagem da falha Chasm-1 na plataforma de gelo Brunt, no Pólo Sul Direitos de autor AFP / British Antarctic Survey
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De  Francisco Marques
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Uma enorme massa de gelo com 1.550 km2 soltou-se do Polo Sul e poderá progredir rumo ao Atlântico, alertam glaciólogos britânicos

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Um enorme bloco de gelo, maior que toda a cidade brasileira de São Paulo ou que as ilhas da Madeira e de São Miguel nos Açores juntas, desprendeu-se da Antártida no domingo e deverá agora começar a avançar pelo mar de Wedell rumo ao oceano Atlântico.

O icebergue, provavelmente o maior do mundo da atualidade, tem cerca de 1.550 quilómetros quadrados. A cidade de São Paulo tem cerca de 1.520 km2. A ilha da Madeira estende-se por 801 km2 à superfície e São Miguel por 744 km2 (1.545,6 km2, no conjunto).

O novo bloco de gelo ainda terá de ser batizado pelo US National Ice Center (Centro de Gelo dos Estados Unidos), um organismo que junta três agências operacionais de pesquisa naval para fornecer análises às forças armadas americanas, às aliadas e a diversas outras agências americanas.

Para já, o novo icebergue ainda se mantém junto à plataforma de gelo Brunt, no Polo Sul, que tem vindo a ser observada há anos pelo British Antarctic Survey, um grupo de pesquisa britânico dedicado à observação dos polos para análise em Cambridge, no Reino Unido.

De acordo com as previsões preliminares, estima-se que este bloco de gelo gigante comece entretanto a ser movido pelas correntes através do mar de Wedell, numa rota similar à do icebergue A74, que era um pouco mais pequeno (1.200 quilómetros quadrados) quando se separou da Antártida em 2021 e que em junho do ano passado se terá partido em dois.

A falha que deu origem à separação deste novo bloco de gelo é conhecida como Chasm-1. Foi descoberta em 2012 e desde então têm sido observadas as mudanças.

Em 2015, essas observações incluíram o recurso a tecnologias de radar de penetração no gelo para se conseguirem imagens mais reais do estado da falha, que continuou a crescer até se prolongar por toda a plataforma em 2022, dando início ao que os glaciólogos designam como "parto", o que poderá ter sido acelerado por um impacto na costa do A74.

A rota deste novo bloco de gelo será acompanhada ao longo das próximas semanas para antecipar eventuais ameaças como aconteceu em dezembro de 2020 com o icebergue A68a.

Tido na altura como o maior do mundo, o A68a separou-se da Antártida em 2017, com cerca de 4.200 quilómetros quadrados, e que em abril de 2021 já se tinha fragmentado em blocos pouco significativos, o que deverá acontecer em breve também com o A74.

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