Os dois principais generais responsáveis pelo golpe militar de outubro de 2021 estão em confronto. País vive impasse político.
Uma guerra por poder ameaça arrastar o Sudão por mais um impasse político e, no pior dos cenários, para a guerra civil.
Quase sempre controlado pelo exército, desde a independência, em 1956, o país é por estes dias palco de confrontos entre duas fações. E à frente de cada uma os homens que ainda há ano e meio orquestravam juntos o golpe militar que viria a travar a transição para a democracia.
De um lado, Abdel Fattah al-Burhan, líder do exército e, na prática, do país, a face incontestada do poder desde o golpe de outubro de 2021.
Do outro, Mohamed Hamdan Dagalo, comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF), um grupo paramilitar envolvido no conflito no Darfur, no início dos anos 2000 e que desde 2007 integra, em parte, os serviços secretos do país.
Al-Burhane, diz ter sido surpreendido, quando este sábado, em pleno Ramadão, viu o poder contestado pelo número dois, após por um ataque das RSF.
As milícias sudanesas têm reservas quanto à integração no exército e querem ter uma palavra a dizer sobre quem vai controlar combatentes e armas após a instauração de um governo civil.
Apesar de as forças armadas do país contarem com mais de 200 mil soldados e se estimar que as Forças de Apoio Rápido reúnam 70 mil combatentes, as forças paramilitares estão mais bem treinadas e têm mais equipamentos que o exército sudanês.
Para analistas e observadores, o conflito entre as duas fações representa seguramente um revés para a chegada da democracia ao Sudão.