Síria: Rebeldes "chocados" com o regresso do país à Liga Árabe

Cimeira da Liga Árabe no Cairo
Cimeira da Liga Árabe no Cairo Direitos de autor AP/AP
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A readmissão da Síria na Liga Árabe, apesar da guerra, choca os rebeldes do norte do país e os governos ocidentais e divide os estados árabes.

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A decisão da Liga Árabe de readmitir a Síria nas suas fileiras, depois de ter sido suspensa durante mais de uma década, foi criticada pelos EUA, pelo Reino Unido e pelas fações sírias rebeldes.

Apenas 13 ministros dos Negócios Estrangeiros dos 22 países membros do grupo estiveram presentes na reunião no Cairo, onde foi tomada a decisão de readmitir a Síria.

Decisão "choca" os deslocados da guerra

Os sírios que vivem na província de Idlib, no norte do país, manifestaram-se "chocados", acusando os países árabes de "branquear" o regime do presidente Bashar al-Assad e questionando o seu destino na sequência da decisão.

Um dos deslocados no norte, Abdul Salam Yousef, afirma: "Foi um grande e infeliz choque para nós, sírios, que vivemos em campos no norte. Em vez de os líderes árabes nos ajudarem e nos tirarem dos campos onde sofremos e vivemos na dor, eles branquearam as mãos dos criminosos e assassinos do nosso sangue."

Rashad al-Deek, também deslocado no norte da Síria, diz: "Não beneficiámos do facto de [o regime] não estar na Liga Árabe, por isso o que acontecerá se ele fizer parte dela? Isso não significa nada para nós, porque estamos deslocados e fomos obrigados a abandonar as nossas cidades. Eles são como ele. Foi por isso que o aceitaram de volta. São todos uns inúteis".

A decisão, que significa que a Síria pode retomar imediatamente a sua participação nas reuniões da Liga Árabe, apela também a uma resolução da crise resultante da guerra civil no país, incluindo a fuga de refugiados para os países vizinhos e o tráfico de droga na região.

O texto prevê que a Jordânia, a Arábia Saudita, o Iraque, o Líbano, o Egito e o Secretário-Geral da Liga Árabe formem um grupo de contacto ministerial para estabelecer contactos com o governo sírio e procurar soluções "passo a passo" para a crise.

Países árabes divididos

Embora alguns estados árabes, incluindo os Emirados Árabes Unidos, tenham insistido na reabilitação da Síria e de Assad, outros, incluindo o Qatar, continuam a opor-se a uma normalização total sem uma solução política para o conflito sírio.

A Arábia Saudita resistiu durante muito tempo ao restabelecimento das relações com Assad, mas, após a recente aproximação com o Irão - o principal aliado regional da Síria - disse que era necessária uma nova abordagem com Damasco.

A presença da Síria na Liga Árabe tinha sido revogada depois de o presidente Bashar al-Assad ter ordenado a repressão dos manifestantes em março de 2011, o que levou o país a uma guerra civil que, desde então, já matou quase meio milhão de pessoas e deslocou outros 23 milhões.

Os EUA e o Reino Unido continuam a recusar-se a restabelecer relações com o governo de Damasco.

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