Os líderes europeus estão em Bulboaca para falarem de segurança, energia e cooperação, tendo como pano de fundo a guerra na Ucrânia e conflitos como Kosovo-Sérvia ou Nagorno-Karabakh.
A guerra da Rússia contra a Ucrânia está no topo da agenda da segunda reunião da Comunidade Política Europeia, que decorre esta quinta-feira na Moldávia.
O presidente da Ucrânia, Volodymy Zelenskyy, cuja presença não tinha sido confirmada até ao últimos momento, foi o primeiro a ser recebido e saudado pela presidente moldava, Maia Sandu.
Num encontro que reúne cerca de 50 líderes mundiais, Zelenskyy argumentou a importância da adesão da Ucrânia à NATO, agradeceu ao povo moldavo por ter acolhido refugiados ucranianos e afirmou que tanto a Ucrânia como a Moldávia estão destinadas a trabalhar "ombro a ombro" para aderir à UE.
"O nosso futuro é na UE e a Ucrânia está pronta para entrar na NATO. Estamos à espera que a NATO esteja pronta para acolher e receber a Ucrânia e penso que as garantias de segurança são muito importantes não só para a Ucrânia, mas também para todos os nossos vizinhos, para a Moldávia, devido à Rússia e à agressão na Ucrânia, e a potencial agressão a outras partes da Europa".
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell comentou: "A Rússia não está aqui, não porque não queiramos convidar a Rússia, mas porque a Rússia de Putin excluiu esta comunidade ao lançar este ataque, esta guerra injustificada contra a Ucrânia".
A repórter da Euronews, Efi Koutsokosta, está a acompanhar os trabalhos e refere:
"A escolha de realizar a segunda cimeira das Comunidades Políticas Europeias na Moldávia, em Bulboaca, a cerca de 20 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, reveste-se de grande simbolismo. É vista como uma forte mensagem ao Kremlin de que qualquer ameaça à soberania do país não ficará sem resposta.
Mas, para além do elevado simbolismo, não são esperados grandes anúncios hoje - mas sim mais conversações bilaterais entre líderes, especialmente porque as tensões étnicas estão a aumentar entre a Sérvia e o Kosovo, cujos líderes também participam na cimeira".
A UE, representada na cimeira pelo Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrell, pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, quer usar a cimeira para chegar a muitos países da Europa de Leste que passaram décadas dentro da União Soviética ou sob a sua esfera de influência imediata, e para reforçar a resposta unificada do continente à agressão russa.
A Moldávia, o país mais pobre da Europa, rodeado pela Ucrânia e pela Roménia, pretende aderir à UE até ao final da década e tem manifestado constantemente o seu apoio à Ucrânia e acolhido refugiados que fogem da guerra.
A presidente, Maia Sandu, afirmou que um dos principais objetivos da cimeira é "restaurar a paz no continente" e proteger a democracia na Moldávia e na Ucrânia das ameaças da Rússia.
Em análise estará também a situação de Nagorno-Karabakh. Olaf Scholz e Emmanuel Macron, juntamente com o prsidente do Conselho Europeu, Louis Michel, participam numa das principais reuniões da cimeira com os líderes da Arménia e do Azerbaijão, duas antigas nações vizinhas do Cáucaso soviético que travaram guerras por causa de um território contestado.
Nagorno-Karabakh tem sido palco de sucessivas guerras. A mais recente, entre a Arménia e o Azerbaijão, foi em 2020 tendo matado mais de 6000 pessoas. A guerra terminou com um armistício mediado pela Rússia, no âmbito do qual a Arménia renunciou aos territórios que circundam a região.
Albin Kurti ausente
O conflito entre a Sérvia e o Kosovo é outra das questões em foco.
O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic disse aos jornalistas que iria fazer o seu melhor para acalmar as tensões e pediu aos sérvios de etnia no Kosovo para manterem os protestos pacíficos. Disse ainda que espera os enviados da UE e dos EUA em Belgrado, na próxima semana, e que se vai encontrar com Borrell na Moldávia.
O Kosovo está representado na cimeira pela presidente, Vjosa Osmani, mas a ausência do primeiro-ministro, Albin Kurti, pode inviabilizar a possibilidade de uma tentativa de resolução dos recentes distúrbios, uma vez que o cargo de presidente no Kosovo é, em grande parte, simbólico.
Os últimos atos de violência na região fazem temer uma repetição do conflito de 1998-99 no Kosovo, que custou mais de 10.000 vidas, deixou mais de um milhão de pessoas sem casa e deu origem a uma missão de manutenção da paz da NATO que dura há quase um quarto de século.
Devido à tensão crescente e à violência, esta semana a NATO decidiu enviar mais 700 soldados para reforçar o contingente da KFOR no Kosovo.