A Itália retirou ao grupo chinês, Sinochem, as competências como maior acionista da Pirelli, retirando-lhe o direito de nomear o CEO ou de definir a estratégia do fabricante de pneus.
Roma alega preocupações de segurança nacional,devido ao potencial uso indevido da tecnologia de chips da Pirelli, bem como a interferência do Partido Comunista Chinês, para justificar as novas restrições impostas à Sinochem, que detém uma participação de 37% na empresa.
Os pormenores das restrições surgem após um anúncio sem precedentes do governo italiano, na sexta-feira à noite, de que iria impor uma "rede de medidas para salvaguardar a independência da Pirelli".
A ordem do governo, a que o Financial Times teve acesso, dá à Camfin - o veículo de investimento privado do diretor executivo da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, que detém 14% da empresa - o direito indefinido de nomear o diretor executivo.
A Sinochem, que detém a sua participação através da China National Rubber Company, será igualmente impedida de participar em decisões sobre "fusões e aquisições, vendas, cisões ou cotação de instrumentos financeiros" da Pirelli, de acordo com a ordem.
Nos termos de um anterior acordo de acionistas entre a Sinochem e Tronchetti Provera, que dirige a empresa desde 1992, o CEO tinha o direito de escolher o seu sucessor, mas a Sinochem tinha proposto um novo acordo que eliminava essa disposição, num contexto de tensões crescentes entre Tronchetti Provera e os seus parceiros chineses.
Este acordo atualizado foi apresentado ao Governo italiano em março, dando origem a uma revisão.
Na sexta-feira, o governo de Giorgia Meloni disse que queria salvaguardar a independência e a gestão da Pirelli, no meio de alegações de que o Partido Comunista Chinês estava a tentar exercer um controlo mais apertado sobre as suas operações.
Até ao momento, a Sinochem recusou-se a comentar as medidas, tendo os advogados afirmado que Pequim ainda está a analisar a decisão e as suas implicações. A Pirelli não quis comentar.
Os críticos consideram que a decisão é mais de natureza geopolítica do que de segurança interna, como alega o executivo. A UE mostra alguma preocupação.