Sul de Itália será mais rico do que Alemanha e França. Partido de Meloni remove post polémico

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, aguarda a chegada do primeiro-ministro de Malta para a sua reunião de 15 de junho de 2023 no palazzo Chigi, em Roma.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, aguarda a chegada do primeiro-ministro de Malta para a sua reunião de 15 de junho de 2023 no palazzo Chigi, em Roma. Direitos de autor FILIPPO MONTEFORTE/AFP or licensors
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De  Joshua Askew
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Artigo publicado originalmente em inglês

Tweet que professava o "facto histórico" foi apagado pouco depois de ter sido colocado online.

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O partido político da primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, afirmou que o sul de Itália vai tornar-se mais rico do que as duas maiores economias da União Europeia.

Na segunda-feira, o partido Irmãos de Itália publicou, na rede social X (ex-Twitter), que o PIB do sul de Itália - que mede o valor total dos bens e serviços produzidos numa economia - "ultrapassará o de França e da Alemanha", divulgando uma fotografia da primeira-ministra onde se lê "obra-prima Meloni."

O post citava dados da CGIA de Mestre (Associação de Artesãos e Pequenas Empresas) de Itália, sem fornecer mais provas.

Esse "facto histórico" iria "silenciar as corujas do costume", acrescentava, referindo-se às pessoas que desejam má sorte aos outros.

A publicação foi removida na segunda-feira à tarde, poucas horas depois de ter sido divulgada.

Foi ridicularizada por alguns utilizadores das redes sociais, tendo um deles sugerido que pensavam que a publicação provinha de uma conta de humor.

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A publicação esteve online algumas horas antes de ser removida.Euronews

Perseguida por questões profundas de má governação, criminalidade organizada e pobreza, a economia do sul de Itália há muito que é menos desenvolvida do que a do norte, para não falar em relação a França e à Alemanha.

O PIB per capita no sul do país foi de 18 512 euros em 2017, de acordo com dados dos analistas económicos CEIC. Nesse ano, foi muito mais elevado em França (35 442 euros) e na Alemanha (40 929 euros), embora também existam disparidades regionais significativas nestes países.

A divisão económica entre o norte e o sul da Itália resulta em desigualdades acentuadas. De acordo com a rede oficial de serviços de emprego da União Europeia (EURES), a atividade industrial está concentrada no norte e a população do sul depende da agricultura e do turismo.

No ano passado, o desemprego era de 17,1% e 16,6% nas regiões do sul da Campânia e da Sicília, respetivamente, enquanto no norte da Lombardia era de 4,9%, de acordo com os dados da União Europeia (UE).

As economias de toda a Europa debatem-se atualmente com uma inflação persistentemente elevada, alimentada pela guerra na Ucrânia e pelas alterações climáticas.

Meloni encontra-se sob pressão política após o anúncio surpreendente de que a economia registou uma contração de 0,3% no segundo trimestre de 2023, desafiando as previsões mais otimistas da maioria dos analistas.

Entretanto, a zona euro no seu conjunto registou uma expansão de 0,3%.

O corte de um regime de auxílio à pobreza - com os beneficiários a serem informados por SMS - e um plano falhado para tributar os bancos também afetaram duramente a direita.

Meloni e o seu partido Irmãos de Itália afirmam que a sua controversa decisão de substituir um regime de apoio ao rendimento existente para as famílias de baixos rendimentos por uma alternativa mais restritiva irá impulsionar o crescimento, embora tal ainda não se tenha verificado.

A mais recente avaliação da Comissão Europeia prevê que o PIB italiano ainda cresça 1,2% este ano - muito mais do que 0,7% em França e 0,2% na Alemanha.

Meloni afirmou anteriormente que esta previsão prova a "eficácia" das políticas económicas do seu governo de coligação de direita.

Mas a situação pode mudar. Além disso, os números de Bruxelas são anteriores ao péssimo desempenho económico de Itália entre abril e junho.

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O antigo primeiro-ministro Giuseppe Conte acusou a sua sucessora de orquestrar um "desastre económico”, após o anúncio inesperado em agosto de que a economia contraiu.

O Ministério das Finanças de Itália atribuiu o mau desempenho económico a fatores externos, como a decisão do Banco Central Europeu de aumentar as taxas de juro.

"Não se trata de uma recessão económica ou de má sorte, mas sim da incapacidade flagrante deste governo para gerir os processos económicos e encorajar o investimento", afirmou Ubaldo Pagano, um deputado do Partido Democrático da oposição, citado pelo Financial Times, em resposta aos números dececionantes do crescimento italiano no início de agosto.

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