Escândalo com vistos atinge governo polaco

Fronteira polaca
Fronteira polaca Direitos de autor AP Photo/Michal Dyjuk
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De  Magdalena Chodownik
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A polémica que atinge o governo e o partido no poder, cuja campanha eleitoral se baseia, em parte, em avisos contra a aceitação de imigrantes da Ásia e de África, pode ter um impacto significativo no resultado das próximas eleições.

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O antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Piotr Wawrzyk, e a sua comitiva estão a ser investigados por corrupção relacionada com a emissão de vistos. O caso foi divulgado durante a campanha eleitoral e, como consequência, o antigo vice-ministro perdeu o lugar nas listas eleitorais do partido Lei e Justiça.

O escândalo está a ser explorado pela oposição, e os jornalistas continuam o seu trabalho “porque o que descobriram no início era apenas a ponta do icebergue”.

Andrzej Stankiewicz, o jornalista da ONET que descobriu a "rota do contrabando", contou à Euronews como funcionava o esquema de emissão de vistos. 

"Descobrimos todo um sistema que foi construído por colaboradores do vice-ministro Wawrzyk : listas de pessoas específicas eram enviadas para consulados e embaixadas polacas na Ásia e em África, e essas pessoas deviam obter vistos. Um mecanismo particularmente patológico dizia respeito à Índia. Para lá, foram enviadas listas de pessoas que supostamente seriam equipas de filmagem de Bolywood. Descobriu-se que não tinham nada a ver com a indústria cinematográfica, que o produtor do filme era um comerciante de legumes, que o ator não podia mostrar nenhuma parte do seu filme [em que participou]. Tratava-se sobretudo de múltiplos vistos Schenghen, porque permitem a entrada no México e, a partir do México, é apenas um passo para os Estados Unidos. Temos toda a documentação para provar o sucedido, mas ninguém está sequer a negar que tenha acontecido".

Em comunicado, o Ministério Público revelou que os primeiros indícios de irregularidades chegaram ao Gabinete Central de Combate à Corrupção em julho de 2022. Estes atos são puníveis com uma pena de até 8 anos de prisão. O escândalo surpreendeu particularmente as organizações que ajudam os migrantes e refugiados na Polónia.

_"Perguntamos muitas vezes porque é que os pedidos das pessoas que ajudamos, os pedidos de estatuto de refugiado, não são aceites. As notícias que nos chegaram recentemente, sobre a forma como os vistos polacos são obtidos, explicam muita coisa. Mostram que na Polónia estas coisas são feitas de forma diferente",_afirmaKalina Czwarnog, da Fundação Ocalenie.

A polémica que atinge o governo e o partido no poder, cuja campanha eleitoral se baseia, em parte, em avisos contra a aceitação de imigrantes da Ásia e de África, pode ter um impacto significativo no resultado das próximas eleições.

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