Demasiado velho? O debate sobre o limite de idade na política

Mitch McConnell durante uma conferência de imprensa em Washington
Mitch McConnell durante uma conferência de imprensa em Washington Direitos de autor STEFANI REYNOLDS/AFP
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De  Nuno PrudêncioBruno Sousa
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Candidata republicana Nikki Halley pede exames de lucidez para políticos americanos acima dos 75. Limitar o número de mandatos gere parte da questão

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É natural que haja alguns tropeções quando se governa o mais poderoso país do mundo. Mas Joe Biden está prestes a fazer 81 anos e a idade ameaça ser uma das questões a impor-se nas próximas presidenciais norte-americanas

A candidata republicana Nikki Halley pede exames de lucidez (um "teste mental básico") para políticos acima dos 75 anos. Afinal, as interrogações multiplicam-se sempre que há incidentes que sugerem confusão mental, seja do líder republicano no Senado, Mitch McConnell, que também tem 81 anos, ou da democrata Nancy Pelosi, com 83, que procura voltar a dirigir a Câmara dos Representantes.

As dúvidas que emergem não dizem apenas respeito à lucidez, mas à saúde em geral e a problemas que possam implicar ausências do trabalho. A Casa Branca, por exemplo, afirma que Biden é submetido anualmente a uma bateria de exames médicos que o confirmam apto para a função, mas não é divulgado qualquer detalhe sobre a natureza desses exames.

Cronologia dos políticos difere dos Estados Unidos para a Europa

Limitar o número de mandatos é uma forma de gerir, em parte, a questão, mas não serve para casos como o atual presidente norte-americano, que pretende ser reeleito. E quando a comparação é com a Europa, onde os sistemas são maioritariamente parlamentares, as diferenças são mais que flagrantes: na verdade, estão na outra ponta da escala. Rishi Sunak, Emmanuel Macron e Giorgia Meloni estão ainda na casa dos 40, por exemplo (têm43, 45 e 46, respetivamente).

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Conselho Europeu

  • Média de idades - 53,17
  • Mais velho - Olaf Scholz 65
  • Mais novo - Leo Varadkar 44
  • 6 pessoas (20%) com 60 anos ou mais
  • 13 pessoas (44%) com 50 anos ou menos

G20

  • Média de idades - 61,65 (se excluirmos os líderes europeus, a média de idades passa  para 65,18)
  • Mais velho - Joe Biden 80
  • Mais novo - Mohammed bin Salman 38
  • 6 pessoas (26%) com 70 anos ou mais
  • 5 pessoas (21%) com menos de 50 anos

Senado EUA

  • Média de idades - 64,15
  • Mais velha - Dianne Feinstein 90 (à data de falecimento, 29/09/2023)
  • Mais novo - Jon Ossof 36
  • 2 com 90 anos, 5 com 80 ou mais
  • 34 (34%) com 70 anos ou mais
  • 68 (68%) com 60 anos ou mais
  • 11 (11%) com 50 anos ou menos

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Quando é que a experiência se tornou numa desvantagem?

Segundo Michelangelo Vercesi, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, da Universidade Nova de Lisboa, "normalmente, os primeiros-ministros costumavam assumir funções depois de acumularem muita experiência no parlamento, no partido e no governo. Mas agora temos cada vez mais pessoas de fora com menos experiência política, mais experiência técnica e que são jovens. Nesses casos, a questão da idade talvez esteja no que fazem os primeiros-ministros depois de estarem em funções. Cada vez mais, estes governantes vão para o setor privado. E isso pode levantar questões a nível de responsabilidade". 

Quando é que a experiência se tornou numa desvantagem? A esperança média de vida aumentou exponencialmente. Já existe uma idade mínima para votar ou concorrer a certos cargos públicos. Impor um limite máximo seria uma discriminação que as constituições, por norma, interditam. E, de qualquer forma, quem deposita o seu voto na urna sabe, à partida, quem está a escolher.

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