As chamadas "greves de advertência" são comuns na Alemanha, em tempo de negociações.
Uma greve dos transportes na Alemanha perturbou gravemente as viagens ferroviárias em todo o país. A paralisação de 20 horas foi convocada por maquinistas, que lutam por aumentos salariais e redução do horário de trabalho por turno, representados pela central sindical GDL.
Os serviços nacionais e locais foram reduzidos em alguns locais até 80%, deixando muitos passageiros sem alternativas de transporte.
“Disseram-nos que poderíamos chegar ao nosso destino mudando de comboio cinco vezes, possivelmente, mas com um risco. E nós pensámos: é melhor não. Quem sabe o que vai acontecer e se lá chegaremos”, diz uma jovem utente dos caminhos-de-ferro.
Outro, foi apanhado de surpresa pela greve: “Para minha grande surpresa, vim aqui esta manhã para apanhar o comboio às 6h17 e não havia nada nos painéis. Imediatamente corri para o centro de informações. As pessoas que lá estavam, estavam tão zangadas que nem queriam ajudar-nos", conta.
Muitos entendem a posição dos trabalhadores em greve, mas estão cansados de sofrer as consequências das paralisações, como uma passageira que afirma: "Sim, posso compreender as reivindicações. Posso entender que algo precisa melhorar,e as exigências dos maquinistas não são exageradas. Afinal de contas, as partes têm que negociar entre si. Acho muito desagradável que nós, os passageiros, tenhamos de suportar isto."
A retoma das negociações com os operadores ferroviários estava agendada para esta quinta-feira e esperavam-se conversações difíceis, mas a Deutsche Bahn cancelou o encontro depois de a GDL ter convocado a greve.
A disputa entre a Deutsche Bahn e a GDL está no início, mas já se prevê extremamente difícil. Uma questão central é o apelo do sindicato para que o horário dos trabalhadores por turnos seja reduzido de 38 para 35 horas por semana, sem redução salarial, uma exigência que a empresa até agora recusou.
A GDL busca também um aumento de 555 euros por mês para os funcionários, além de um pagamento de até 3.000 euros para fazer face à inflação. Após o início das negociações na semana passada, a Deutsche Bahn disse ter feito uma oferta que equivale a um aumento de 11%.
Uma disputa semelhante entre a operadora ferroviária nacional e um sindicato rival, o maior e tradicionalmente menos agressivo EVG, foi resolvida com a assinatura de um acordo no início deste ano.