Antigo agente dos serviços secretos da Áustria, Egisto Ott, foi detido e é suspeito de ter fornecido a Moscovo dados de antigos altos responsáveis austríacos.
A Áustria enfrenta o maior escândalo de espionagem das últimas décadas, depois de um antigo agente dos serviços secretos do país ter sido detido por suspeita de colaborar com a Rússia.
Egisto Ott, que foi detido a 29 de março, é acusado de espionagem a favor da Rússia. Está acusado de ter fornecidodados de telemóveis de antigos altos funcionários austríacos aos serviços secretos russos e de ter ajudado a planear um assalto ao apartamento do jornalista de investigação búlgaro Christo Grozev, cujo trabalho se centra maioritariamente nas ameaças de segurança relacionadas com a Rússia.
"Se as alegações forem verdadeiras, que é o que estamos atualmente a assumir, isto terá implicações enormes para a segurança da Áustria, mas também para a segurança de instituições e serviços parceiros que fazem parte da cadeia de informação. Quando informações de uma agência de inteligência amiga fazem parte do conjunto de dados, isto também tem implicações na segurança de países terceiros", disse Nicolas Stockhammer, especialista da universidade austríaca de Krems, citado pelas agências internacionais.
Ott é suspeito de fornecer informação a Jan Marsalek
Ott é também suspeito de ter fornecido informações sensíveis a Jan Marsalek,procurado por suspeita de fraude desde o colapso, em 2020, da empresa de pagamentos alemã Wirecard, onde era diretor de operações.
De acordo com os meios de comunicação social alemães e austríacos, Marsalek terá ligações aos serviços secretos russos desde, pelo menos, 2014.
Thomas Riegler, historiador e especialista em espionagem do Centro Austríaco de Estudos de Inteligência, Propaganda e Segurança, considera que este caso pode ser "uma das maiores histórias de espionagem da história recente da Áustria".
"O caso é especial, dada a sua dimensão internacional e o facto de não se tratar apenas de espionagem, mas também de infiltração no sistema político austríaco e de enfraquecimento da segurança interna do país", afirmou Riegler.
O chanceler austríaco, Karl Nehammer, convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para esta terça-feira, alegando que o país precisa de reforçar a sua segurança para impedir “a infiltração russa”.
Também a ministra da Justiça da Áustria, Alma Zadíc, referiu que tenciona endurecer as leis em matéria de espionagem. Atualmente, a espionagem é explicitamente proibida na Áustria se for dirigida contra o próprio país, mas a lei não abrange outros países ou organizações internacionais como muitas com sede em Viena.