Recessão histórica no Reino Unido: PIB caiu 20,4% em abril

Recessão histórica no Reino Unido: PIB caiu 20,4% em abril
Direitos de autor Alberto Pezzali/The Associated Press
Direitos de autor Alberto Pezzali/The Associated Press
De  Maria Barradas com AP
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A pandemia da COVID-19 mergulhou a economia do Reino Unido numa profunda recessão. Só no mês de abril o PIB caiu 20,4%. O país reativa-se lentamente.

PUBLICIDADE

A economia britânica viu desaparecer, durante os meses da pandemia, quase duas décadas de crescimento, em resultado das medidas de confinamento. Só no mês de abril, o PIB caiu 20,4% - o primeiro mês completo em que o país esteve parado para conter a propagação do vírus.

Os números do Gabinete Nacional de Estatística revelam que já entre fevereiro e abril a economia tinha recuado 10,4%, em comparação com o tremeste anterior.

Jonathan Athow, um dos responsáveis pelo serviço nacional de estatísticas económicas afirma que "Praticamente todas as áreas da economia foram atingidas, com os pubs, a educação, a saúde e a venda de automóveis a darem os maiores contributos para esta queda histórica".

A maior parte do setor retalhista britânico deve abrir as portas na próxima semana. O governo pediu, no mês passado, às pessoas que não podem trabalhar em casa que regressem ao trabalho, à medida que as restrições vão sendo levantadas.

O presidente da maior organização de retalhistas, Jace Tyrrel acredita que "ainda vai demorar algum tempo até as coisas voltarem ao normal" e diz que "é muito importante que o governo continue a ajudar os retalhistas". O comércio retalhista perdeu 95% dos negócios em 12 semanas.

Este novo coronavírus que parou o mundo empurrou a economia britânica para valores que já não conhecia desde o verão de 2002.

Com uma grande parte da economia ainda em crise em maio e junho, o Reino Unido está a caminhar para uma das suas recessões mais profundas de sempre. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) advertiu que o país vai ser a economia desenvolvida mais duramente atingida este ano.

As restrições ao confinamento estão a ser lentamente aliviadas, o que deverá permitir que a economia comece a recuperar. Mas não se espera que a retoma seja tão forte como o recuo, uma vez que muitas restrições, como as relativas ao contacto social, deverão manter-se enquanto a pandemia for uma ameaça para a saúde pública.

Governo sob pressão

O governo está sob pressão para flexibilizar as orientações em matéria de distanciamento social para ajudar a economia. Atualmente, as pessoas têm de se manter a 2 metros de distância, o que é mais do que o exigido na maioria dos países e acima da recomendação mínima da Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de apenas um metro de distância. O governo diz estar a seguir os pareceres científicos sobre a contenção da propagação do vírus, mas que a distância necessária está em constante revisão.

A recuperação está também a ser travada pelo facto de muitas empresas não conseguirem sair da crise e de milhões de trabalhadores enfrentarem o desemprego. As pessoas estão também bastante cautelosas quanto a ir às lojas ou a deslocarem-se enquanto o vírus continuar a constituir uma ameaça.

A incerteza sobre a relação comercial do Reino Unido com a União Europeia no início de 2021 é outro fator que poderá refrear a confiança empresarial e a recuperação da economia

Risco de forte subida do desemprego

As empresas têm mantido, em grande parte, os postos de trabalho durante o confinamento, devido ao Plano de Apoio ao Emprego, ao abrigo do qual o governo paga até 80% dos salários dos trabalhadores até um máximo de 2500 libras - cerca de 2800 euros - por mês.

Mas, o responsável pelo Tesouro, Rishi Sunak, já anunciou que, a partir de agosto, as empresas terão de começar a contribuir para os salários dos trabalhadores retidos mas que não trabalham, e que o regime será encerrado dois meses mais tarde. Isto suscita preocupações de que a Grã-Bretanha assista a um pico de desemprego.

"Vai levar muito tempo e um estímulo monetário e fiscal significativo para a economia sair de um buraco deste tamanho", afirma à AP, Luke Bartholomew, estratega de investimentos da Aberdeen Standard Investments.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Elon Musk em Pequim em busca da aprovação chinesa para desenvolver tecnologia de condução autónoma

Fabricantes europeus de automóveis elétricos lutam para recuperar o atraso em relação à China

O dilema da Defesa da Europa: quanto dinheiro é preciso gastar?