Albânia quer fazer parte do maior mercado do mundo e a guerra de Putin pode acelerar o processo

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De  Paul Hackett
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Até agora, não há data marcada para uma adesão da Albânia à União Europeia. Será que a situação pode mudar em breve?

A invasão da Ucrânia pela Rússia deu um novo fôlego ao processo de alargamento europeu.

A Albânia tem-se afirmado como um dos países com melhor desempenho económico nos Balcãs Ocidentais.

Apesar de ter sido atingida por um grande sismo em 2019, pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia, a economia albanesa recuperou fortemente em 2021 e 2022.

O crescimento real do PIB este ano deverá rondar os 3,3 por cento. Essa força deve-se em parte à explosão do turismo e da construção e também à atividade de pequenas empresas exportadoras.

"Atualmente, não podemos entrar muito facilmente no mercado da UE. Alguns dos maiores desafios são as questões aduaneiras e a documentação normalizada da UE. Quando um cliente quer comprar os nossos produtos, tem de pagar taxas alfandegárias adicionais e, por vezes, esta é a razão pela qual não escolhe a nossa empresa", disse à euronews Arjeta Puca, Diretor Executivo da Timak.

Tirana iniciou conversações com Bruxelas em 2022

Tirana iniciou conversações com Bruxelas em julho de 2022. A grande questão é saber quando é que o sonho europeu da Albânia se tornará realidade.

O último relatório da Comissão Europeia revela que a Albânia tem um nível de preparação de moderado a bom em relação ao desenvolvimento de uma economia de mercado funcional, um dos critérios de adesão.

De acordo com um perito entrevistado pela Euronews, um dos grandes desafios que a Albânia enfrenta é o alinhamento com os objectivos estratégicos a longo prazo da UE.

"O desafio para a economia albanesa no contexto da integração europeia é a forma como a Albânia pode integrar as suas políticas económicas e de desenvolvimento com as linhas gerais das políticas económicas europeias, incluindo, por exemplo, as políticas de transição energética, a política ambiental, a política de transportes e outras políticas sociais, fiscais e orçamentais”, afirmou Adrian Civici, economista e professor da Universidade Mediterrânica da Albânia.

O investimento em infraestruturas

O investimento em infraestruturas é um dos aspetos essenciais para preparar a economia para uma eventual entrada no mercado único. A rede ferroviária do país está a ser renovada com o apoio europeu. Um investimento que visa melhorar a ligação entre a Albânia, o resto dos Balcãs e a Europa.

Quando ficar concluído, o troço entre Durres e Tirana, as duas maiores cidades da Albânia, vai permitir reduzir o tempo de viagem de comboio para cerca de 20 minutos.

"As ligações são o aspeto mais importante. Podemos imaginar o impacto da ligação destes grandes portos. O porto, o aeroporto e o centro da cidade de Tirana, onde temos o terminal de transportes públicos que reunirá todas as infraestruturas num único centro”, disse à euronews Bashkim Kasoruhu, responsável dos Caminhos-de-Ferro Albaneses.

"O que esta em causa é a relevância mundial da UE"

A Euronews falou com o chefe do governo da Albânia, Edi Rama.

Euronews: “Porque é que é do interesse da Albânia aderir à UE? E porque é que é do interesse da UE que a Albânia adira ao bloco?"

Edi Rama: "Infelizmente, foi necessário Vladimir Putin para que a UE compreendesse que os Balcãs Ocidentais são tão importantes para a UE como a UE é para os Balcãs Ocidentais. É uma lógica muito, muito simples. Trata-se de integrar. Trata-se de unificar".

Euronews: “A guerra na Ucrânia deu um novo impulso ao alargamento nas capitais da UE?"

Edi Rama: "Sim. Infelizmente”.

Euronews: "Tem a sensação de que desta vez é diferente?"

Edi Rama : “A questão não é apenas será que os Balcãs Ocidentais estão dentro ou fora. Essa é apenas uma pequena questão no grande puzzle das questões. O que está em causa é a relevância da União Europeia na cena mundial. Tem a ver com a economia da União Europeia. Tem a ver com a competitividade da União Europeia. Trata-se da capacidade da União Europeia para decidir pela Europa”.

Para saber onde estará a UE em 2030 é necessário um trabalho conjunto e tomar decisões estratégicas.
Edi Rama, chefe do governo da Albânia

Euronews: “Os eleitores da UE estão divididos quanto a um novo alargamento. Como convencer os cépticos de que a Albânia deve fazer parte da UE?”

Edi Rama : “Acredito firmemente que, em todo o ceticismo em relação à UE e ao alargamento, há muito, por um lado, ignorância dos factos e, por outro lado, medo alimentado pela política por razões muito políticas”.

Euronews: “Medo de quê, exatamente?”

Edi Rama: "O medo é a ferramenta mais fácil para obter mais votos, em vez de falar ao cérebro das pessoas, comunica-se diretamente com as suas entranhas, contornando o cérebro. É mais fácil. Muito mais fácil. Mas os resultados podem ser devastadores".

Euronews: “O que gostaria de ver em 2030?”

Edi Rama: “Sei o que quero ver em 2030. Temos a visão para 2030 e estamos a trabalhar para isso, e lá chegaremos, quando a Albânia for um campeão do turismo. Quando a Albânia for um exportador líquido de energia, totalmente limpa e ecológica. Quando formos uma Albânia muito moderna em termos de inovação e de novas tecnologias”.

Euronews: "Diz que a Albânia estará pronta. Acha que a UE vai estar preparada?"

Edi Rama: "Ninguém sabe onde estará a UE em 2030. Mas eu sei onde estará a Albânia em 2030. Para saber onde estará a UE em 2030 é necessário um trabalho conjunto e tomar decisões estratégicas".

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