Três anos após o seu lançamento, será que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência está no bom caminho para cumprir as promessas?
Os projetos financiados pelo Fundo de Recuperação e Resiliência são estabelecidos de acordo com as prioridades de cada país.
A Grécia pode aceder a 35,9 mil milhões de euros, entre subvenções e empréstimos.
A gestão da crise climática é uma das prioridades do plano grego. No último verão, 170 mil hectares foram consumidos pelas chamas devido à seca e às ondas de calor. A euronews esteve na floresta de Megara, onde os danos foram consideráveis.
"Nos últimos cinco anos, ocorreram grandes incêndios na floresta de Megara, que destruiram bosques, florestas, casas, fazendas e gado. Por isso, removemos a biomassa combustível para evitar incêndios, mas também para podermos apagar um incêndio muito rapidamente", explicou Jasmine Georgiou, silvicultora da empresa MSC Gestão de Resíduos.
Programa de combate aos fogos é uma das prioridades
A Grécia criou um dispositivo para combater os mega-fogos com um orçamento que ronda os 400 milhões de euros. O programa AntiNero prevê a limpeza e manutenção das florestas, a plantação de árvores de combustão lenta e a criação de zonas de prevenção de incêndios.
O programa prevê a abertura do mercado a prestadores de serviços, o recrutamento de trabalhadores e aquisição de equipamentos.
A renovação dos hospitais
A modernização das infra-estruturas públicas é outra das prioridades, nomeadamente na Saúde. O hospital Metaxa, em Atenas, foi renovado graças ao MFF.
"Renovámos todos os quartos dos doentes, todas as casas de banho, acrescentámos as consolas para o fornecimento de oxigénio e o dispositivo de chamada que é muito importante para o pessoal de enfermagem. Seguir-se-á uma reconstrução completa do sexto andar, bem como do serviço de urgência", disse à euronews Sarandos Efstathopoulos, Diretor do Hospital Metaxa.
Desde a sua construção nos anos 60, o hospital grego especializado em oncologia nunca tinha sido renovado, como muitos outros na Grécia. A renovação custou cerca de 1 milhão de euros.
Setor público deve tornar-se "mais produtivo"
No caso da Grécia, 38% do plano de recuperação deve ser dedicado a objetivos climáticos, 22% à digitalização e 18% a projetos sociais.
Depois de um período difícil, o PIB da Grécia está a crescer e o apoio europeu é visto como uma oportunidade para consolidar os progressos.
"Conseguimos obter quase 50% dos pagamentos antecipados e um terço do dinheiro foi absorvido pelo investimento. Trata-se de uma taxa de absorção sem precedentes para a Grécia. Mas, como é óbvio, é necessário mais tempo para que este espaço orçamental se traduza efetivamente em projetos implementáveis. Por isso, é preciso que o setor público se torne realmente produtivo", frisou Phoebe Koundouri, professora da Universidade de Economia e Gestão de Atenas, presidente do Centro Global para o Clima da SDSN da ONU.
Reformas para favorecer investimento e aumentar emprego
Em paralelo, o governo grego lançou reformas para atrair investimento.
"A Grécia está agora classificada na categoria investimento e esperamos que o Fundo de Recuperação e Resiliência (FRR) contribua, juntamente com os outros fundos europeus, para mais de 60% do crescimento esperado para 2024. Esperamos um crescimento de 2,9% da nossa economia. Enquanto na Europa a média deverá ser de aproximadamente 0,8%", disse à euronews Nikos Papathanasis, Ministro-Adjunto do Ministério da Economia e das Finanças.
"As reformas tornam a nossa economia mais interessante para os investidores e, claro, os investimentos ajudam a criar novos empregos. Reduzimos o desemprego nos últimos quatro anos de 17,5% para menos de 10%", disse Nikos Papathanasis.
"O FRR baseia-se no desempenho. Não é uma questão de quanto dinheiro se gasta, mas de saber se as reformas são realizadas e se se atingem todos os objetivos", frisou o governante grego.