Rolex Arts Festival apresenta o melhor das mentorias

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De  Katharina Rabillon
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Desde há 20 anos que a Rolex promove mentorias no campo das artes. Para assinalar a data, mestres e discípulos juntaram-se em Atenas.

O Rolex Arts Festival celebra, este ano, em Atenas, duas décadas de um programa de mentoria com vista a contribuir para o património cultural e artes em todo o mundo.

Khoudia Touré e Pauchi Sasaki estão aqui para integrar um programa único: a iniciativa Rolex para mentores e discípulos nas Artes.

"Nós pertencemos a essa história. Somos feitos e estamos ligados à história do passado, ao que veio antes. Há esta relação com o tempo e é também disso que falamos com este projeto de mentoria. É como se estas coisas viajassem de forma invisível", diz Touré, coreógrafa originária do Senegal.

"Sim, de geração em geração, desde há milhares de anos até nós", diz Pauchi Sasaki, compositora e intérprete nipo-peruana, igualmente bolseira da Rolex Music.

Para honrar 20 anos de colaboração artística, mentores e bolseiros reúnem-se em Atenas para o Rolex Arts Festival. Ao longo de vários dias, o festival apresenta múltiplos espetáculos, leituras, debates, projeções, exposições e instalações.

Diz Emma Gladstone, diretora artística do Rolex Arts Festival:  "Há mais de 150 artistas envolvidos, incluindo muitos artistas gregos. É absolutamente maravilhoso o leque de estilos, países e formas de arte que este programa reúne. Não me lembro de nenhum outro sítio que o faça desta forma. Espero que as pessoas venham e vejam a visão que estas pessoas têm. Penso que a mudança na nossa sociedade passa pela imaginação e estes artistas têm-na. 

Mestres e discípulos

O programa procura transmitir conhecimentos de geração em geração, reunindo jovens aspirantes a artistas e mestres.

Por este projeto de mentoria individual já passaram nomes como Spike Lee, Martin Scorsese e Jessye Norman.

Os alunos seguem os mentores por todo o mundo e observam, trocam experiências, aprendem e adquirem conhecimentos sobre o ofício.

Para Pauchi Sasaki, trabalhar com o icónico compositor Philip Glass tem sido uma revelação: "Acho que uma coisa muito bonita na mentoria é começarmos a desenvolver uma espécie de confiança na nossa própria voz. E isso é algo em que os mentores realmente ajudam, a dar-nos essa segurança, para procurarmos o que queremos expressar."

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Pauchi SasakiEuronews

A ideia do festival é também incluir artistas locais. Pauchi colabora com 30 membros do aclamado coro grego Chóres: "O processo foi muito alegre. As meninas estavam muito entusiasmadas e colocaram toda a energia no projeto. Foi uma experiência completa de que gostei muito", conta.

A contribuição de Pauchi Sasaki para o festival é uma estreia: "Artemis: Fountain". A atuação é um excerto da sua ópera multiplataforma, inspirada no programa Artemis da NASA, uma missão espacial que levará a primeira mulher à superfície da lua nesta década.

Khoudia Touré e os seus bailarinos preparam-se para a atuação. A bailarina e coreógrafa de hip hop do Senegal apresenta o seu mais recente trabalho no festival: Óró.

É um ambicioso projeto artístico e social criado através de intercâmbios entre jovens adultos de diferentes países e de múltiplos contextos sociais. Uma obra onde palavras e dança expressam o poder dos artistas.

O espetáculo é um grande sucesso, aqui presenciado pela mentora Crystal Pite.

A estrela da dança moderna e uma das coreógrafas mais aclamadas do mundo viajou até Atenas para assistir ao espetáculo.

"É inspirador estar aqui e ver todos estes artistas de todas as diferentes disciplinas e reencontrar a Khoudia e ver o seu trabalho e a sua experiência. Era uma responsabilidade muito grande, muita pressão, muita exposição. Foi incrível vê-la a fazer isso", diz a coreógrafa canadiana.

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Khoudia Touré e Crystal PiteEuronews

"A vinda de Crystal significou muito para mim", diz Touré.

Khoudia assistiu a Crystal na sua cidade natal, Vancouver, e no Ballet da Ópera de Paris.

Mas não são apenas os discípulos que aprendem com os mestres - a inspiração é recíproca. Isto deu a Crystal uma nova perspetiva do próprio trabalho: "Acho que a mentoria tem de ser uma conversa. É uma troca entre duas pessoas. E ideia por trás disto é que é melhor quando ambos os lados sentem que vão aprender alguma coisa e que ambos têm algo a aprender. Essa tem sido seguramente a minha experiência com Khoudia. Para mim, é uma oportunidade incrível de aprender alguma coisa", diz.

Aprender com Gilberto Gil

O programa também inclui artistas lendários como o icónico Gilberto Gil. Como discípula tem a cantora egípcia Dina El Wedidi, oriunda de um mundo musical completamente diferente. Quando se conheceram, Dina trouxe à memória de Gilberto o início da carreira: "O talento estava lá. A música estava lá. Estar comigo, passar algum tempo connosco, com a banda, foi uma experiência nova para ela e espero que tenha absorvido a experiência. Eu acho que sim", diz o artista brasileiro.

Diz Dina El Wedidi: "Foi fantástico, porque a mentoria trata-se simplesmente de seguir o nosso mentor. Eu tive muita sorte porque o meu mentor está sempre em digressão e ocupado, por isso tive de seguir o meu mentor, para onde quer que fosse. Por isso, divertimo-nos imenso. "

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Gilberto Gil e Dina El WedidiEuronews

Os mentores abrem portas para os jovens artistas. A estrela brasileira, nove vezes vencedora de um Grammy, ajudou Dina a subir ao palco internacional, atuando em conjunto. Uma experiência que se repete no festival.

"Isto inspirou-me muito. Desde essa altura até agora, muitas coisas aconteceram, em termos de crescimento e de uma nova consciência da descoberta da nossa própria identidade artística", diz a cantora egípcia.

Ensinamentos que perduram

Para muitos mentorados, como o compositor e intérprete australiano Ben Frost, a colaboração com o mentor teve um impacto duradouro: "O tempo que passei com Brian Eno foi uma dádiva. Ele levanta-me muitas questões, durante a minha mentoria.Ele desafiou muitas ideias e até mesmo alguns preconceitos que eu tinha sobre mim mesmo e sobre a música", conta.

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Ben FrostEuronews

A colaboração criativa entre o coreógrafo Myles Thatcher e mentor Alexei Ratmansky ainda o inspira até hoje.

"Acho que se houve algo em que o Alexei teve realmente êxito, no estúdio, foi a encorajar sempre os seus dançarinos a trabalhar com ele. Ele estava sempre a puxar por eles e a pedir um retorno. E isso é algo que eu realmente tento fazer com. Por isso, espero aprender tanto com eles quanto o que eles aprendem comigo", diz Thatcher.

Da aprendizagem ao ensino: muitos dos alunos tornaram-se mentores por mérito próprio.

O violista americano David Aaron Carpentermasterclasses no festival e trabalha com a orquestra juvenil "El Sistema" local: "É realmente inspirador ver jovens de todas as idades a juntarem-se para tocar e ver uma jovem orquestra a lidar com algo que é muito, muito difícil, mas pressioná-los aos extremos de seu potencial. Trata-se de dar tudo o que aprendemos à próxima geração, eles pegarem nisso e tornarem-no muito melhor", diz.

Susan Platts, meio-soprano, foi mentorada por Jessye Norman e também passou de aluna a mestre:"Eu acho que a importância da mentoria é enorme. Ter a oportunidade de trabalhar com alguém como Jessye Norman, para depois poder dar masterclasses ou aulas a cantores mais jovem. Sim, tenho minhas próprias coisas que posso passar adiante, mas muito do que sou é o que Jessye me deu".

Relações inspiradoras

O programa é também sobre a criação de relações inspiradoras. Cinco vezes vencedora de um Grammy e lendária cantora de jazz, Dianne Reeves juntou-se ao programa esta temporada. É mentora de Song-Yi-Jeon, uma cantora e compositora sul-coreana de jazz moderno: "Para mim, esse foi o ponto alto. Ver esta pessoa brilhar, assumir o poder e fazer magia através das capacidades de improvisação, mas mais do que isso, ir buscar as coisas a um lugar que é realmente rico e muito, muito profundo. Foi extraordinário", diz a cantora norte-americana.

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Dianne Reeves e Song-Yi-JeonEuronews

"Chegar aqui, onde toda a gente faz aquilo em que acredita firmemente, acreditar em mim mesma e ser bem recebida por toda a gente. É tudo fantástico. E isso inspira-me a continuar esta viagem", diz Song Yi Jeon. Reeves acrescenta: "Para mim, ser mentora significa que tenho algo que me foi dado e que trabalhei muito, muito arduamente para desenvolver. Que posso fazer o mesmo por outra pessoa. Essa é a verdadeira dádiva."

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