Estados Unidos pensam em "bloquear sol" para arrefecer Terra

O objetivo final é arrefecer a temperatura na Terra.
O objetivo final é arrefecer a temperatura na Terra. Direitos de autor Canva
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De  Charlotte Elton
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Relatório da Casa Branca confirma que EUA estão abertos a investigar modificação da radiação solar, ou seja, bloqueio do sol

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Parece ficção científica, mas não é. Alguns investigadores querem arrefecer a Terra refletindo a luz solar de volta para o espaço.

Apesar de um pouco bizarra, a ideia está na moda. Os Estados Unidos manifestaram interesse em estudar a hipótese de usar a "modificação da radiação solar" (SRM é a sigla do termo em inglês), de acordo com um relatório da Casa Branca da semana passada.

Os defensores da ideia afirmam que esta poderia reduzir os impactos devastadores das alterações climáticas e até mesmo voltar a congelar os polos.

"A SRM oferece a possibilidade de arrefecer o planeta de forma significativa numa escala de tempo de alguns anos", lê-se no relatório.

No início do ano, vários meios de comunicação social referiram que as Nações Unidas estão igualmente interessadas em "explorar" esta hipótese.

Como pode o bloqueio do sol travar as alterações climáticas?

As tecnologias de "bloqueio do sol" - também conhecidas como "modificação da radiação solar" - poderiam teoricamente arrefecer a Terra, refletindo a luz solar de volta para o espaço.

Um cenário consiste em bombear partículas bloqueadoras do sol para a atmosfera superior. Este processo de injeção de aerossol estratosférico envolveria aviões que pulverizassem dióxido de enxofre, por exemplo, na estratosfera.

Esta névoa de partículas refletiria o sol de volta para cima, protegendo a Terra. O método já funcionou - embora acidentalmente. 

Quando o Monte Pinatubo, nas Filipinas, entrou em erupção em 1991, libertou milhares de toneladas de dióxido de enxofre. A temperatura global baixou temporariamente 0,5°C.

Em setembro de 2022, investigadores da Universidade de Yale argumentaram que o método de injeção poderia hipoteticamente voltar a congelar os polos.

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Alguns investigadores acreditam que o disparo de partículas refletoras para o espaço poderia voltar a congelar os polos.Canva

Porque estão os EUA e a ONU interessados em explorar esta tecnologia?

Um relatório da Casa Branca publicado na passada sexta-feira confirma que os Estados Unidos estão abertos à investigação da SRM.

"Um programa de investigação sobre as implicações científicas e sociais da SRM permitiria tomar decisões mais bem informadas sobre os potenciais riscos e benefícios da mesma como componente da política climática", diz no documento.

A Casa Branca esclarece ainda que não foi tomada nenhuma decisão para "estabelecer um programa de investigação abrangente centrado na modificação da radiação solar".

Em fevereiro, vários meios de comunicação social revelaram que a ONU quer "explorar" esta técnica. 

Isto pode dar a impressão de que a organização aprovou o bloqueio solar como uma ferramenta viável para combater as alterações climáticas. Infelizmente para os entusiastas da tecnologia, não é este o caso.

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) sobre a SRM conclui que, atualmente, este não é algo realista nem sensato.

"Atualmente, a implantação em grande escala ou operacional de tecnologias de modificação da radiação solar não é necessária, viável, prudente ou suficientemente segura, dada a limitada compreensão científica e a incerteza sobre os potenciais impactos e consequências não intencionais", explica Andrea Hinwood, cientista-chefe do PNUA.

"A revisão conclui que a SRM não pode substituir a redução das emissões de gases com efeito de estufa", alerta.

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No entanto, a agência não exclui totalmente o método e admite que a sua avaliação da técnica "pode mudar se a ação climática continuar a ser insuficiente".

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