Ativistas húngaros recolhem toneladas de garrafas de plástico rio Bodrog

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De  Denis Loctiereuronews
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As margens do rio Bodrog, no nordeste da Hungria, estão cobertas de garrafas de plástico.

Para chamar a atenção para o problema do lixo plástico, os ativistas do projeto Plastic cup criaram uma concurso anual de limpeza das margens dos rios húngaros.

"Podemos perguntar: de onde vem este lixo? No caso desta garrafa, temos a resposta: vem do Trans-Cárpato, na Ucrânia. Na realidade, a maior parte dos resíduos vem de lá. Por uma razão muito simples, nessa zona, não há gestão de resíduos. Eles simplesmente despejam os resíduos numa zona inundável, e quando há uma inundação, esse lixo espalha-se na Hungria", contou à euronews Miklós Gyalai-Korpos, gestor do projeto Plastic Cup.

O lixo viaja e atravessa fronteiras

Este ano, mais de 150 pessoas percorreram o rio Bodrog durante quatro dias, em caiaque ou noutras embarcações para recolher plástico. Numa extensão de 50 quilómetros foram encontradas 90 toneladas de resíduos de plástico. Se não for removido, o lixo segue para o Danúbio, depois para o Mar Negro e, eventualmente, para os oceanos.

Os resíduos de plástico viajam pelos rios e oceanos e atravessam fronteiras. Por isso, a questão do lixo exige um trabalho de equipa a nível internacional.

A equipa do projeto Plastic Cup na Hungria trabalha com parceiros na Ucrânia Ocidental para prevenir a poluição dos rios. As campanhas anuais de limpeza estão a atrair voluntários de vários países. 

"É claro que todos nos devemos preocupar com a situação na Hungria mas também na Espanha e na Alemanha. Devemos ajudar-nos uns aos outros porque o problema é global", frisou Mark Borillo García, voluntário de Barcelona.

É preciso mudar de paradigma

Durante quatro dias, os participantes recolheram 11 toneladas de lixo, evitando que mais de 2500 sacos de lixo fossem parar aos oceanos.

"Temos mais crianças do que nunca a ajudar-nos. Espero que os rios sejam limpos e que as pessoas possam desfrutar desta bela natureza, sem plástico", disse Vilja Molnár, voluntária do projeto Plastic Cup.

Segundo os organizadores, é preciso mudar de paradigma.

"É apenas a ponta do icebergue. Não podemos limpar tudo o que vem da planície inundável. A verdadeira solução é consumir menos, para evitar a formação de resíduos. E se precisarmos mesmo de consumir alguma coisa, então devemos colocá-la no sítio certo. No caixote do lixo certo", sublinhou Miklós Gyalai-Korpos, gestor do projeto Plastic Cup.

Plastic Pirates - Go Europe! reúne jovens de vários países

Com o apoio da União  Europeia, a iniciativa Plastic Pirates - Go Europe! reúne jovens voluntários numa dúzia de países. Além da limpeza das ações de limpeza, o grupo participa num estudo científico sobre a poluição causada pelos plásticos.

"As crianças e os jovens vão para o rio e recolhem o lixo de uma forma científica. Recolhemos os dados, fazemos listas por categorias, esses dados são carregados numa plataforma online para serem usados pelos cientistas", explicou Simone Berk, coordenadora do projeto.

A partir de uma metodologia rigorosa, os jovens limpam uma área de 200 metros quadrados e documentam cada pedaço de lixo.

"Fico triste por haver pessoas no mundo que deitam fora tanto lixo. Mas é ótimo que existam pessoas dispostas a limpar o lixo dos outros", disse Sára Szomráki, voluntária do projeto.

"Não é apenas feio. É muito perigoso para os animais porque eles pensam que é comida. E quando comem o lixo, podem morrer. E se um peixe come plástico e um humano come esse peixe, o problema repete-se", afirmou Bendy Bachrathy, voluntário do projeto Plastic Pirates.

Os cientistas ainda não dispõem de dados suficientes sobre a situação da poluição causada por plásticos na Europa. Este tipo de iniciativas ajuda a colmatar essas lacunas.

Projeto de limpeza de mares e rios estende-se a Portugal

A iniciativa Plastic Pirates tem suscitado adesão na Europa. "Temos Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Alemanha e a Hungria, claro, onde estamos agora. E também temos a Letónia,a Lituânia e a Áustria. E a Geórgia acabou de aderir!", sublinhou Simone Berk, coordenadora do projeto.

80% da poluição plástica dos oceanos provém dos rios e canais que transportam o lixo urbano para os mares. Bruxelas, sede de numerosas instituições europeias, ainda não resolveu o problema do lixo nos canais. O grupo local Canal it Up organiza limpezas comunitárias para sensibilizar e envolver os habitantes na limpeza do canal.

O Comissário Europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, participou numa ação de limpeza, em Bruxelas, para assinalar o Dia Internacional da Limpeza Costeira.

Se nada for feito haverá mais plástico do que peixe no mar

A UE quer reduzir para metade a poluição por plásticos nos oceanos, até 2030. Mas os progressos são lentos. 

"Hoje, as nossas capturas do dia, digamos assim, são garrafas, isso poderia ser evitado se usássemos garrafas reutilizáveis. Apanhámos copos de café. Mais uma vez, é possível reutilizá-los. A reutilização é importante. Livrarmo-nos dos plásticos de uso único é fundamental. Muitas das coisas que vemos neste canal poderiam ser evitadas se, por exemplo, tivéssemos um sistema de depósito simples", disse à euronews Virginijus Sinkevičius, Comissário Europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas.

De acordo com os ativistas do projeto Canal it Up, a possibilidade de devolver embalagens vazias em troca de um reembolso é  um método promissor para reduzir os resíduos. 

"Estamos a ficar rodeados de países que têm um sistema de depósito eficiente. Os Países Baixos introduziram-no, no ano passado. Esta semana, a Polónia introduziu um sistema de depósito. 15% e 11% do lixo que pescamos no canal são latas e garrafas de plástico. Se criarmos um sistema de depósito físico para estas embalagens, podemos retirá-las da natureza, de um dia para o outro", frisou Pieter Elsen, fundador do projeto Canal It Up.

Em muitos países, voluntários e ativistas esforçam-se para servir de exemplo para a comunidade mas a tarefa é árdua porque a produção de plásticos está a aumentar a nível mundial. Se nada for feito, em 2050, haverá mais plástico do que peixe nos oceanos.

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