Observatório alerta para maior circulação de drogas na Europa

Observatório diz que são precisos mais recursos policiais e de saúde pública
Observatório diz que são precisos mais recursos policiais e de saúde pública Direitos de autor DARRYL DYCK/AP2011
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De  Christopher PitchersIsabel Marques da Silva com Lusa
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Por todo o lado, com muita varieade e quantidade. É esta a principal conclusão sobre a disponibilidade de drogras na União Europeia (UE), Noruega e Turquia, território coberto no relatário anual do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT).

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"O que o relatório mostra é uma confirmação da tendência que observamos nos últimos dois ou três anos, isto é, que a droga está por toda a parte. Nunca tivemos tantas drogas a serem contrabandeadas ou produzidas na Europa", disse Alexis Goosdeel, diretor do OEDT, em entrevista à euronews, por ocasião da divulgação, sexta-feira, do relatório anual.

"A droga pode ser tudo. Tudo pode ser objeto de um comportamento aditivo. Há dez anos, quando se falava de violência relacionada com a droga, falávamos da América Central. Hoje falamos da Europa", acrescentou Alexis Goosdeel.

O documento "Relatório Europeu sobre Drogas 2023: Tendências e Evoluções" analisa dados relativos a 2021 e confirma que a canábis continua a ser a susbstância mais consumida e a situação está a tornar-se cada vez mais complexa devido às diferentes políticas dos países da UE.

Em 2021, foram apreendidas pelas autoridades da UE:

  • 816 toneladas de resina de canábis
  • 256 toneladas de canábis herbácea
  • 303 toneladas de cocaína

A heroína é a droga mais usada, mas está a aumentar o consumo de cocaína, sobretudo de crack. O fabrico ilícito de cocaína na UE está a ganhar importância, tendo sido desmantelados 34 laboratórios de cocaína em 2021 (23 em 2020), alguns dos quais de grande dimensão.

Com uma maior disponibilidade de drogas, vem um maior consumo e mais casos de dependência a necessitarem de atenção por parte das autoridades de saúde pública.

Crack está a aumentar

Na Europa, estima-se que 97 mil consumidores se submeteram, em 2021, a algum tipo de tratamento da toxicodependência por problemas relacionados com o consumo de canábis.

GATE é o nome de uma organização não-governamental que, em Bruxelas, permite aos toxicodependentes consumirem substâncias num espaço seguro, eliminando alguns dos riscos existentes quando o fazem nas ruas.

"Na Bélgica, sobretudo culturalmente, se assim posso dizer, os consumidores fabricavam o seu próprio crack. Mas desde há cinco anos que vemos um novo cenário de maior tráfico, com pessoas a venderem pedras de crack", explicou Bruno Valkeneers, diretor de Comunicação do GATE, à euronews.

O relatório do OEDT especifica que existe uma preocupação crescente com o consumo de opiáceos sintéticos, que são extremamente potentes e representam um maior risco de intoxicação e de morte. Bastam pequenas quantidades para produzir milhares de doses, o que torna estas substâncias muito mais lucrativas para os grupos do crime organizado. 

O Observatório acrescenta que estão a ser descobertas, regularmente, novas e mais perigosas substâncias, o que torna o combate ao tráfico e a prevenção do consumo mais complexos. É neste contexto que alerta para a necessiade de aumentar os recursos para controlar o problema nas suas várias dimensões.

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