O realizador belga Lukas Dhont venceu o Prémio do Público Lux 2023, terça-feira, com um filme sobre a amizade íntima de dois adolescentes que termina de forma trágica.
Os desafios para as pessoas LGBTQI+ foram destacados neste e noutros dois dos cinco filmes nomeados. Na cerimónia no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o vencedor disse à euronews que estes são tempos preocupantes.
"Quando olhamos para a Bulgária, para a Hungria ou para a Itália, vemos que há uma tendência para a propaganda anti-LGBTQI+, por isso não acho surpreendente que muitos destes filmes abordem esses tópicos em torno da identidade, do género e da sexualidade", explicou Lukas Dhont.
"Também acho que vivemos num mundo que muitas vezes se apresenta de uma forma muito brutal e o nosso objetivo com "Close" era mostrar o desejo humano de conetividade quando somos jovens", acrescentou o realizador.
Os outros filmes na lista de finalistas foram: "Alcarràs", de Carla Simón (Espanha), "Burning Days", de Emin Alpe (Turquia), "Triangle of Sadness", de Ruben Östlun (Suécia) e "Will-o'-the-Wisp", de João Pedro Rodrigues (Portugal).
Dar visibilidade a valores da UE
O prémio, organizado pelo Parlamento Europeu e pela Academia Europeia de Cinema, visa promover a sensibilização para questões como a dignidade humana, a inclusão social, a tolerância e a justiça.
Luklas Dhont diz que os artistas precisam de apoio para falar de uma "forma autêntica e radical".
"Penso que estes cinco filmes falam da natureza humana, da necessidade de magia, de um lugar para nos inventarmos e, por isso, fazer parte do grupo destes cinco filmes e estar no centro desta celebração do cinema europeu significa muito para mim", explicou Dhont.
O Parlamento Europeu organizou cerca de 500 projeções gratuitas dos cinco filmes, legendados nas 24 línguas oficiais da União Europeia e com o sistema para o público com deficiência auditiva.
As projeções foram seguidas de debates sobre os temas dos filmes e a necessidade de promover a diversidade cultural.
Cerca de 45 mil pessoas assistiram às projeções gratuitas dos filmes e puderam votar ao lado de 360 deputados do Parlamento Europeu. Pela primeira vez, o público foi também convidado para a cerimónia de entrega dos prémios, com sala cheia no plenário.