Encontrar uma resposta comum para duas guerras em curso: a da Ucrânia e a entre Israel e o Hamas é o desafio que se coloca à cimeira da União Europeia (UE) que começou quinta-feira, em Bruxelas.
"Devemos apelar, urgentemente, a uma pausa humanitária. Acrescentaria, como primeiro-ministro de Espanha, que gostaria de ver um cessar-fogo para fins humanitários. Mas se não tivermos essas condições reunidas, espero que possamos apelar, pelo menos, a uma pausa humanitária, a fim de canalizar todos os ajuda humanitária de que a população palestiniana necessita", disse Pedro Sánchez, chefe do governo de Espanha.
Os 27 líderes procuram as palavras certas para permitir o acesso à ajuda humanitária na Faixa de Gaza, sem prejuízo do direito de Israel à autodefesa. Fala-se de pausa, de corredores, de cessar-fogo, opções que têm diferentes impactos no terreno, no apoio às ações de Israel e no respaldo dos esforços da ONU.
“Podemos usar, exatamente, a mesma linguagem que as Nações Unidas. Mas espero que possamos, enquanto a União Europeia, apelar a um cessar-fogo humanitário, a uma pausa humanitária. Não estou muito preocupado com a terminologia”, afirmou Leo Varadkar, primeiro-ministro irlandês.
O primeiro-ministro português, António Costa, também desvalorizou as divergências sobre a terminologia: "O que é essencial é que se criem condições para que a ajuda humanitária possa existir"..
António Costa ressalvou que a UE "reconhece, obviamente, o direito de Israel responder militarmente de forma a destruir a capacidade ofensiva do Hamas, isso é evidente".
"Agora, nós não podemos confundir o Hamas com o povo palestiniano, nem com o conjunto das pessoas que vivem em Gaza, e não podemos numa operação militar contra o Hamas causar danos colaterais de uma que seria uma tragédia humanitária junto de toda a população da Faixa de Gaza", sublinhou.
Não esquecer a Ucrânia
Mas a União Europeia não pode descurar outro conflito, bem mais próximo do seu território. Os líderes prometem não baixar a guarda nos esforços para ajudar Kiev a combater a invasão russa.
"Ainda hoje vimos, como todos os dias, bombas e foguetes russos caírem sobre a Ucrânia. Continua o terrível ataque da Rússia à Ucrânia com todas as suas consequências. Isto desempenhará mais uma vez um grande papel nas nossas consultas. A Europa tem de definir como apoiar a Ucrânia na sua luta pela independência e integridade", disse Olaf Scholz, chanceler alemão.
Contudo, já há novo teste a esta unidade, vindo da Eslováquia. Recém-eleito, o primeiro-ministro, Robert Fico, chegou a Bruxelas pouco depois de ter anunciado que deixará de enviar armas para a vizinha Ucrania e que a contribuição vai limitar-se à ajuda humanitária.