Oligarcas e minorias são "pedras" no caminho da Ucrânia para aderir à UE

Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen Direitos de autor Efrem Lukatsky/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
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De  Shona MurrayIsabel Marques da Silva
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O governo da Ucrânia tem esperança de receber luz verde, na quarta-feira, para iniciar as negociações formais de adesão à União Europeia (UE), depois dos elegios recebidos, no fim-de-semana, durante a visita da líder da Comissão Europeia.

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Já foram cumpridos 90% dos requisitos básicos pedidos pela Comissão Europeia desde que a Ucrânia recebeu o estatuto de candidato, em junho do ano passado, disse Ursula von der Leyen; mas só a 8 de novembro será publicado o relatório sobre a situação de todos os países que querem fazer parte do alargamento do bloco.

O denominado "Pacote de Alargamento de 2023" avaliará os esforços dos países no cumprimento dos critérios de adesão e chamará a atenção para as prioridades de reforma que os candidatos terão de enfrentar.

No caso da Ucrânia, uma das reformas mais complexa é acabar com a influência no sistema político exercida pelos oligarcas, isto é, magnatas de negócios privados que controlam grandes recursos.

"Sabemos que, antes da guerra, a Ucrânia estava realmente muito sujeita a estas forças predatórias. Alguns dos oligarcas ucranianos estavam ligados diretamente ao governo russo. Muitos deles procuravam ter influência sobre representantes políticos para que pudessem prosseguir os seus interesses comerciais", explicou John O'Brennan, cientista político na Universidade de Maynooth (Irlanda).

"Penso que há muito que tem de ser feito para acabar com essa teia de interesses, mas o processo já começou e o governo da Ucrânia fez progressos genuínos. Fiquei realmente impressionado, por exemplo, há alguns meses, quando o presidente do Supremo Tribunal da Ucrânia foi preso por se ter apoderado de milhões de euros. Para mim, isso foi uma indicação da seriedade do governo ucraniano para julgar essas pessoas", acrescentou John O'Brennan, em declarações à euronews.

Minorias húngara e russa

Outra questão crítica são os direitos das minorias. No caso daquela quem tem origem na Hungria, não deverá haver problema em manter o seu direito a promover a língua e cultura, mas a questão será mais complexa para os russófonos.

“Já foi aprovada uma lei para proteger as línguas minoritárias e o presidente Zelenskyy vaiassiná-la. Mas é claro que há uma discussão sobre a possibilidade de a língua se tornar uma ferramenta de propaganda. As pessoas exigem que certo tipo de cultura seja ensinado nas escolas e isso será uma questão polarizadora durante algum tempo", disse Tymofiy Mylovanov, presidente da Escola de Economia de Kiev e ex-ministro.

O relatório que a Comissão Europeia vai apresentar é a base para a decisão do Conselho Europeu, que reúne os lideres dos 27 países, a tomar em dezembro, com voto por unanimidade.

O presidente ucraniano advertiu que o país "não está a pedir atalhos" para aderir. "As recomendações [de Bruxelas] são necessárias para começar as negociações e nós implementámos estas recomendações", disse Volodymir Zelenskyy.

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