Países Baixos: Contribuição agrícola para poluição é forte tema eleitoral

País é o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo
País é o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo Direitos de autor Peter Dejong/ AP
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De  Vincenzo Genovese
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Superpotência agroalimentar, os Países Baixos enfrentam um desafio em termos de emissões poluentes, nomeadamente de azoto. A euronews reporta sobre como a redução do setor é um dos temas mais quentes nas eleições legislativas de 22 de novembro.

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Os Países Baixos têm 18 milhões de pessoa, mas os seus agricultores criam, anualmente, em média, mais de 100 milhões de animais para alimentação, entre gado, aves e suínos. O país é o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo e metade do território é usado para a agricultura.

Esta superpotência agroalimentar enfrenta um desafio em termos de emissões poluentes, nomeadamente de azoto. Em concentrações elevadas, este químico é tóxico para o meio-ambiente, incluindo ao nível da água potável.

Muitas atividades humanas produzem este gás, mas a agricultura neerlandesa é responsável por 50% das emissões do país.

"Há duas grandes razões para termos um problema de azoto. A primeira é que temos alta densidade populacional e a maior densidade de gado da Europa. A segunda é que os Países Baixos adotaram uma interpretação bastante rigorosa da Diretiva Europeia dos Habitats, que estipula que, para cada novo tipo de atividade, temos de realizar uma redução do azoto noutro local", explicou, à euronews, Daan Boezeman, da Agência de Avaliação Ambiental.

O governo estabeleceu como objetivo reduzir as suas emissões para metade até 2035. Os agricultores poderão investir para serem menos poluentes ou vender as suas propriedades ao Estado, que criou um fundo de oito mil milhões euros para o efeito.

Penso que também há possibilidades de reduzir as emissões com financiamento para inovações tecnológicas. Mas ainda não dispomos desse tipo de medidas.
Jan Arie Koorevaar
Criador de vacas leiteiras, Países Baixos

Mais inovação tecnológica ou venda de terra

Jan Arie Koorevaar possui 115 vacas num propriedade de 90 hectares, produzindo 100 milhões de litros de leite por ano. A sua exploração é quase 100% biológica e o produtor defende que o governo deve impulsionar a inovação em vez de querer reduzir o tamanho das explorações.

"Muitos agricultores estão preocupados porque não é claro o que têm de fazer nas suas explorações para satisfazer as exigências do governo", disse Jan Arie Koorevaar. 

"Penso que também há possibilidades de reduzir as emissões para os produtores de leite com financiamento de inovações tecnológicas. Mas ainda não dispomos desse tipo de medidas. O governo também poderia ajudar a tornar as exploração mais extensivas, disponibilizando terras", acrescentou, à euronews.

A questão despoleta aceso debate político. Se os agricultures estão contra as medidas, outros partidos e associações ambientalistas querem que sejam ainda mais duras.

Defendem que venda de propriedade não seja voluntária mas obrigatória e que a redução das emissões para metade aconteça já em 2030.

"Exigimos que o governo ajude os agricultores a fazer a transição para uma agricultura ecológica, com menos 70% de animais, em 2030, e menos 80% em 2050", referiu a ativista do Greenpeace, Hilde Anna de Vries.

"Também deve ajudar os agricultores através de um sistema de mercado que permita ao agricultor ter um bom rendimento, produzindo alimentos para os seres humanos em vez de muitos alimentos para os animais", disse, ainda, a ativista.

O Movimento Agricultor-Cidadão é um partido político agrário, liderado por Caroline van der Plas, que o fundou em 2019. O partido venceu as eleições provinciais, este ano, recebendo o maior número de assentos em todas as 12 províncias e poderá ser uma força de peso no futuro parlamento nacional.

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