O Parlamento Europeu adotou, quarta-feira, um relatório sobre regras para reduzir, reutilizar e reciclar embalagens. O objetivo é reduzir 20% a 30% dos 80 mil milhões de toneladas de resíduos de embalagens produzidos, todos os anos, na Europa.
Os eurodeputados aprovaram o relatório com 426 votos a favor, 125 contra e 74 abstenções e, entre as várias medidas, querem proibir a venda de sacos de plástico muito leves, com espessura inferior a 15 micrómetros, exceto quando seja um requisito de higiene ou para os alimentos vendidos a granel.
Embalagens de utilização única na restauração também são visadas, apesar do forte lóbi de alguns setores, como explicou, à euronews, o presidente da comissão parlamentar de Ambiente, Pascal Canfin, depois da votação, quarta-feira, na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).
"Este texto legislativo é, provavelmente, um dos que é mais alvo de lóbi. Dou um exemplo: a McDonalds está a fazer lóbi para manter o modelo de utilização única. O modelo de utilização única consiste em utilizar apenas uma vez tudo o que é necessário para comer. A alternativa a este modelo é, precisamente, a proposta que defendemos", disse o eurodeputado liberal francês.
"Ou seja, quando se está num restaurante McDonalds, ou KFC, ou Burger King - no local, e não para take away - porque é que se há-de usar, para beber a Coca-cola, um copo de uso único? Porque não usar um copo de vidro? ", referiu, ainda.
O caso "Camembert"
Em 2030, todas as embalagens devem ser recicláveisis. A União Europeia (UE) estabelecerá quotas obrigatórias para a reutilização de diferentes embalagens, como por exemplo, garrafas de bebidas. Também deverão ser restringidas as embalagens miniaturas para produtos de higiene pessoal.
Alguns Estados-membros pediram derrogações e foram previstas isenções temporárias para as embalagens de alimentos em madeira e cera. Em França, por exemplo, temia-se o fim das tradicionais caixas de madeira para o queijo Camembert .
"Estas embalagens são biodegradáveis, são de madeira macia e, por isso, não representam qualquer problema para o ambiente", disse, à euronews, Jean-Paul Garraud, eurodeputado de extrema-direita francês.
"Além disso, existe por detrás uma tradição alimentar e uma indústria que é muito importante para França, que cria milhares de empregos. Essas estruturas devem ser, absolutamente, preservadas", acrescentou.
Em 2018, as embalagens geraram um volume de negócios de 355 mil milhões de euros na UE.
Com este relatório que define a sua posição, o Parlamento Europei pode iniciar conversações com os governos dos 27 Estados-membros sobre o texto final da legislação.