Dezenas de manifestantes ocuparam na sexta-feira o edifício do campus central do Sciences Po e dezenas de outros bloquearam a entrada.
Estudantes em Paris, inspirados nos acampamentos solidários com Gaza nas universidades dos Estados Unidos, bloquearam na sexta-feira o acesso a um edifício do campus de uma prestigiada universidade francesa.
O protesto pró-palestiniano no Instituto de Estudos Políticos de Paris, conhecido como Sciences Po, levou os administradores a decidir que todas as aulas seriam online.
A manifestação acontece dois dias depois de a polícia ter interrompido um outro protesto no anfiteatro da universidade.
Esta sexta-feira, dezenas de manifestantes ocuparam um edifício central do campus e dezenas de outros bloquearam a entrada com caixotes do lixo, paletes de madeira e uma bicicleta.
Os estudantes assomaram às janelas do edifício e entoaram palavras de ordem, pendurando cartazes onde se lia “Somos todos palestinianos”. Desafiaram mesmo a direção que, segundo os participantes no protesto, tinha chamado a polícia dois dias antes para impedir a manifestação dos colegas.
Na quarta-feira à noite, mais de 100 manifestantes pró-palestinianos ocuparam o anfiteatro no exterior de um dos campus da universidade em Paris. A maioria aceitou sair depois de discutir com a direção, mas ficou ainda no local um grupo mais pequeno de alunos. Viriam a ser retirados pela polícia mais tarde, ainda naquela noite, de acordo com reportagens dos meios de comunicação franceses.
A universidade disse em comunicado que “condena veementemente estas ações estudantis que impedem o bom funcionamento da instituição e penalizam os alunos, professores e funcionários da Sciences Po”.
A declaração revelava ainda que cerca de 60 manifestantes estavam dentro do edifício ocupado e que a direção iria reunir-se com uma delegação estudantil “para tentar encontrar uma saída para a situação através do diálogo”.
Louise, uma das manifestantes na Science Po, disse que as ações dos estudantes da universidade de Paris foram inspiradas por manifestações semelhantes na Universidade de Columbia em Nova Iorque e noutros campus universitários nos EUA.
“Mas a nossa solidariedade continua em primeiro lugar com o povo palestiniano”, afirmou. A jovem falou na condição de que apenas o seu primeiro nome fosse usado, por preocupação com eventuais repercussões.
Os estudantes que protestam contra a guerra Israel-Hamas estão na Universidade de Columbia, nos EUA, pelo décimo dia consecutivo, mas várias manifestações estão a realizar-se em inúmeras universidades norte-americanas, da Califórnia ao Connecticut.
Centenas de estudantes e até alguns professores foram presos em todo os EUA, por vezes no meio de lutas com a polícia. Em Nova Iorque, a Columbia está a negociar com os manifestantes estudantis. Outras escolas têm sido rápidas a chamar a polícia para apagarem as manifestações antes que os protestos possam assumir maiores dimensões.
As autoridades da Columbia já admitiram que vão procurar outras opções se as negociações com os manifestantes falharem.
Fundada em 1871, a Sciences Po é há muito uma importante linha de produção de líderes franceses, políticos e da indústria, com o presidente Emmanuel Macron e o primeiro-ministro Gabriel Attal entre os seus ex-alunos.