A Europa e o emprego dos jovens

Em parceria com The European Commission
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De  Naomi LloydFanny Gauret
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Como está a pandemia a afeta o emprego dos jovens na UE? A Comissão investiu 22 mil milhões de euros nesta área nos últimos sete anos e planeia investir outro tanto nos próximos sete. Será suficiente?

Com mais de 3 milhões de jovens na Europa a não conseguir encontrar emprego e a situação tende a agravar-se com a pandemia, com efeitos a longo prazo: Os jovens sem emprego correm o risco de depressão e problemas de saúde mental e tendem a ganhar menos durante toda a vida. Saem de casa e começam uma família mais tarde.

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Viemos conhecer Baggio, de 25 anos, que está num contrato de trabalho para jovens perto de Bruxelas. Este antigo eletricista acaba de completar uma formação em telhados e espera aumentar os seus rendimentos. É um trabalho muito procurado na região.

"O meu irmão deu-me a conhecer o trabalho de telhador. São apenas telhas, por isso é básico, mas é um trabalho meticuloso e francamente agradável de fazer. Tenho muitos amigos que estão a lutar para encontrar trabalho neste momento. Mas com esta formação, não estou preocupado. Posso dizer que me sinto com sorte", conta.

Baggio conseguiu reeducar-se graças ao "Tremplin", um programa na região de Bruxelas financiado pelo Fundo Social Europeu. O Fundo tem um orçamento de 18 milhões de euros ao longo de 7 anos. 10.000 jovens entre os 18 e os 25 anos já beneficiaram dele. Entre eles está Gamze, uma jovem de 19 anos de Bruxelas. Conhecemo-la durante o estágio nesta loja, que frequentou após uma formação de 4 meses: "No ano passado terminei o liceu, mas não sabia o que fazer. Isso causou-me muita ansiedade. Desde que a Covid surgiu, o comércio eletrónico progrediu muito bem, o que me empurrou para este campo. A loja também tem uma secção de vendas online, por isso trato do stock, vendas, encomendas, gestão de redes sociais, como o Facebook ou o Instagram", diz.

Posso dizer que me sinto com sorte.
Baggio Lorenzino
Beneficiário de um programa de formação

Para Gamze foi uma jogada inteligente, pois agora tem uma entrevista para um trabalho. Em toda a região de Bruxelas, o número de candidatos a emprego com menos de 25 anos aumentou quase 8% em comparação com o ano passado e a taxa de desemprego juvenil atingiu 25%. Mas Gamze e Baggio ainda esperam que os seus sonhos profissionais se tornem realidade.

A União Europeia disponibilizou 22 mil milhões de euros para apoiar o emprego jovem nos últimos sete anos e promete investir outro tanto nos próximos sete anos. Mas isso só não chega, como explica Guntram Wolff, economista e diretor do "think-tank" Bruegel: "Sozinhos, 22 mil milhões não são suficientes, por isso é evidente que também é preciso apoio nacional para a geração jovem. A triste verdade é que o desemprego juvenil não desce tão rapidamente. Após a última crise financeira, demorou entre 5 a 10 anos até que voltássemos aos níveis de desemprego juvenil de 2009. Penso que esta questão de como os jovens são afetados pela pandemia é algo que tem de estar no topo da mente dos decisores políticos".

Embora Baggio e Gamze estejam confiantes quanto ao futuro, a pressão é para evitar que uma geração inteira seja deixada para trás.

Entrevista - Nicolas Schmit

Para perceber melhor o que a Comissão Europeia planeia fazer para o desemprego juvenil, falámos com o Comissário da UE para o Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit.

Naomi Lloyd, euronews: Há três milhões de jovens na Europa neste momento que não conseguem encontrar emprego. Será que estamos perante uma geração perdida?

Nicolas Schimt: Temos de evitar uma nova geração perdida, estamos a sair de um período em que tivemos uma geração perdida devido à crise financeira e depois a uma crise económica. Foi por isso que a Comissão reagiu muito rapidamente e com bastante ousadia, também com a adoção do Programa de Apoio ao Emprego dos Jovens (YES), porque estávamos muito conscientes de que não havia o risco de uma geração perdida. Não podemos produzir em tão curto espaço de tempo duas gerações perdidas.

Após a crise financeira, levou uma década para as taxas de desemprego juvenil regressarem ao ponto em que se encontravam antes. Porque é que desta vez vai ser diferente?

Porque desta vez é diferente. Penso que esta crise é diferente, a reação à crise é muito diferente. Tivemos políticas de grande austeridade. Desta vez temos um grande programa para investir, para recuperar, para criar empregos, para acompanhar estas transições, na economia verde, no digital, mas também em muitos outros setores.

Esta crise é diferente e a reação é muito diferente também.
Nicolas Schmit
Comissário Europeu para o Emprego e Direitos Sociais

Podemos ter a mão-de-obra jovem mais instruída e qualificada, mas não há empregos suficientes para eles, pois não?

Há empregos, porque são setores onde há ofertas de emprego, mas há a questão da competência por parte dos jovens. Os perfis educativos não correspondem às exigências destes empregos e, por isso, temos de reagir rapidamente. Precisamos de garantias para os jovens. Temos de lhes dar alguma formação adicional, reorientação educacional adicional para os empregos que existem.

Agora ouvimos críticas no relatório de que os 22 mil milhões que estão a ser investidos não são suficientes.

Pode nunca ser suficiente, mas penso que é um número indicativo. Não são 20 mil milhões e é tudo. Temos agora muitos outros financiamentos através do Mecanismo de Recuperação e Resiliência. Portanto, penso que temos de utilizar muito deste dinheiro para criar empregos e também para trazer os jovens para estes empregos.

Nome do jornalista • Ricardo Figueira

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