O acesso desigual a medicamentos e tratamentos na UE

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De  Julian GOMEZ
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Bruxelas quer reforma farmacêutica para colmatar diferenças no acesso a medicamentos e tratamentos nos diferentes Estados-membros

Kuba Molka é um engenheiro informático de 41 anos, que vive na Polónia.

Foi  diagnosticado com colite ulcerosa, uma doença crónica, e os seus últimos anos de adolescência estão cheios de más recordações.

Kuba Molka, doente com colite ulcerosa:"Os meus sintomas eram diarreia, sangue nas fezes e por aí fora; uma diarreia frequente. E todos os médicos diziam que era devido ao stress antes dos exames. Mas quando acabei os exames de admissão à universidade, os sintomas continuaram. Foi nessa altura que comecei a procurar seriamente ajuda."

Os tratamentos sucessivos revelaram-se cada vez menos eficazes e mais propensos a efeitos secundários.

Na Polónia, tal como na União Europeia, há um medicamento injetável específico, adequado à condição de Kuba.

Mas, durante vários meses, ele não conseguiu obtê-lo.

A única solução foi finalmente voluntariar-se para um programa de investigação em curso.

Kuba Molka: "A primeira coisa que fiz foi perguntar ao meu médico se havia outras formas de obter os medicamentos de que preciso. E depois ele teve a ideia de participar numa investigação. Aos poucos, estou a começar a ver que há melhorias no meu estado."

Tal como Kuba, milhares de outros doentes polacos e europeus têm dificuldade em aceder aos medicamentos mais recentes e eficazes que precisam.

O tempo de acesso a alguns dos medicamentos pode ser insuportavelmente longo e as disparidades entre os países da União Europeia são grandes.

Os médicos têm, na maior parte dos casos, poucas opções e as consequências para os pacientes são terríveis, como explica o gastroenterologista de Kuba, Ariel Liebert, do Hospital Universitário de Bydgoszcz:

"Temos pacientes que deixam de responder aos medicamentos mais antigos e, se não tivermos um programa de medicamentos e outras substâncias, não temos nada para oferecer a esses pacientes. Por vezes, eles encontram ensaios clínicos e tentam dessa forma (obter medicação). Se conseguíssemos tratá-los mais rápido, seria claramente melhor para os pacientes."

Um estudo recente identificou 10 factores que podem explicar por que razão os medicamentos e tratamentos estão por vezes disponíveis nalguns Estados-membros da União Europeia e não noutros.

Comissão Europeia quer avançar com reforma farmacêutica

Alguns desses factores podem ser tratados ao nível europeu, tal como explica a recente proposta de reforma farmacêutica de Bruxelas e frisa a Comissária Europeia para a Saúde, Stella Kyriakides:

"Precisamos de fortes incentivos às empresas para que ofereçam novos medicamentos para todos os Estados-membros ao mesmo tempo. Estamos também a melhorar o processo de autorização. Será possível autorizar novos medicamentos muito mais cedo através da Agência Europeia de Medicamentos. Atualmente, são necessários cerca de 400 dias. Com os novos procedimentos, serão 180 dias. Os medicamentos chegarão às prateleiras das farmácias muito mais rápido."

As empresas farmacêuticas dizem-se abertas ao debate e alguns compromissos já estão sobre a mesa,como explica a Directora-Geral da Federação Europeia de Associações e Indústrias Farmacêuticas, Nathalie Moll:

"O objetivo é que os nossos produtos cheguem aos doentes, ao maior número possível de doentes. As diferenças no acesso e disponibilidade são multifactoriais. Não há uma solução fácil. Como indústria, abordámos o que é da nossa responsabilidade, comprometendo-nos a fixar um preço em todos os Estados-Membros no prazo de dois anos após a aprovação. Também desenvolvemos a proposta de ter um padrão de preços, para que os países possam comprar produtos com base no seu poder de compra. Diferentes países têm diferentes poderes de compra."

Sejam quais forem as soluções, o tempo urge para certos pacientes.

Com o voluntariado num programa de investigação, Kuba garantiu um tratamento eficaz durante dois anos. Mas o que vai acontecer a seguir é ainda incerto.

Kuba Molka:"Vou preocupar-me quando chegar a altura. É esse o meu lema. Mas espero que sim: tenho dois anos de avanço, penso que algumas coisas podem mudar para melhor."

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