Migrantes e refugiados, sobretudo provenientes da Síria, já representam 7% da população do país. Cipriotas pedem revisão do estatuto da Síria junto da União Europeia.
Os centros de acolhimento e alojamento de refugiados em Chipre estão cheios. Cerca de 25.500 requerentes de asilo esperam que as autoridades lhes concedam o estatuto de refugiado.
Nos últimos anos, a maior parte deles entrou pela linha verde, a partir da autoproclamada República de Chipre do Norte, ocupada pela Turquia.
No entanto, nos últimos dois meses, dezenas de barcos chegaram às costas cipriotas. A viagem começa no Líbano e transportam maioritariamente sírios.
Omar Al Elewi é requerente de asilo e vem da Síria: "Deixámos a Síria para encontrar uma vida segura e um futuro, porque, francamente, não existe nenhum na Síria. Há muitos jovens que deixaram as suas famílias e vieram para cá para viver. Eu vim para cá para trabalhar e ganhar um salário que me permita pedir asilo para poder sair da Síria, porque a vida lá é muito difícil", diz.
Os últimos acontecimentos alarmaram as autoridades cipriotas, que estão a lutar para gerir o grande e inesperado número de chegadas de refugiados. O pior pode ainda estar para vir.
Diz Andreas Georgiades, diretor do Serviço de Asilo de Chipre: "Nos últimos tempos, o número de sírios que chegam ao país é muito elevado e isso é algo que nos preocupa. Se o Líbano não conseguir contê-los, se o país entrar em colapso, então teremos um problema muito grande".
Cipriotas pedem revisão do estatuto da Síria
O centro de acolhimento de Pournara acolhe cerca de mil requerentes de asilo. Junto ao campo existem pequenas aldeias, como Kokkinotrimithia. O chefe do conselho comunitário afirma que o país está a chegar ao limite.
"Somos um Estado muito pequeno. O nosso governo não pode servir um grande número (de refugiados). Somos poucos e há um limite para o número de requerentes de asilo que podemos ajudar", diz Christiakis Meleties.
O governo cipriota pede à UE que altere o estatuto da Síria. Nicósia argumenta que algumas zonas do país já não são zonas de guerra. Muitos refugiados viajam para o país, passam alguns dias e depois regressam a Chipre.
"A imigração é uma questão de grande preocupação para os cipriotas e creio que irá determinar em grande medida as escolhas dos nossos cidadãos nas próximas eleições europeias. Nós, assim como outros membros da União Europeia, acreditamos que existem áreas específicas na Síria que podem ser caracterizadas como seguras. Precisamos do apoio de todos os Estados-membros. No entanto, acreditamos que o pacote económico que será apresentado no dia 2 de maio ajudará o Líbano a conter os fluxos de refugiados", diz Konstantinos Letymbiotis, porta-voz do governo cipriota.
Atualmente, 7% da população do país é constituída por refugiados e imigrantes. O Presidente Nikos Christodoulidis argumenta que se trata de uma questão de segurança nacional. Nicósia pede a Bruxelas e aos seus parceiros europeus que mostrem mais solidariedade.