Dominar diferentes línguas aproxima uns e afasta outros

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Falar várias línguas pode tornar-se numa faca de dois gumes em sociedades multilingues. Se as vantagens, em termos de diversidade identitária, são muitas, há obstáculos sociais e académicos identificados. O Learning World ouviu a opinião de uma especialista e viajou até território macedónio e sul-africano.

A África do Sul pós-apartheid tem, nada menos, do que 11 línguas oficiais. Mas o Inglês ganha terreno, o que, em algumas escolas, se torna problemático para alunos que falam outro idioma em casa.

É na pequena localidade de Elliot que vive Mbasa, um rapaz de 9 anos que tem tido um percurso escolar exemplar, apesar de ter uma desvantagem. Mbasa cresceu a falar Xhosa. No entanto, nas escolas sul-africanas, os exames são feitos em Inglês e Afrikaans. Por isso, ele teve de aprender toda uma outra língua, até perceber sequer do que versavam os seus trabalhos de casa. O resultado é que, perante a supremacia idiomática, há quem denuncie a marginalização dos falantes de outras línguas africanas. Mas Mbasa teve sorte. A sua escola está a desenvolver um projeto-piloto, no qual cada aluno passa a ser ensinado na sua língua materna e em Inglês.

Em Skopje, na Antiga República Jugoslava da Macedónia, vêm de longe as tensões entre macedónios e a comunidade de origem albanesa. As veias nacionalistas fizeram com que fossem criadas escolas separadas para cada grupo étnico, afastando as crianças dos dois lados, numa decisão considerada por muitos como o prolongamento das cisões no futuro.

Mas há exceções. No jardim-escola Orce Nikolov, o projeto Mozaik oferece uma educação bilingue a grupos de alunos de ambas as comunidades. Daí que haja vários laços a surgirem entre crianças que falam albanês e macedónio. A intervenção diária dos progenitores na vida deste infantário é uma das condições para participar. Os pais e os professores falam na sua própria língua; as crianças estão sempre em contacto com as duas realidades linguísticas. O objetivo do projeto Mozaik, que começou em Jerusalém entre falantes de árabe e hebreu, é criar ligações o mais cedo possível.

Em 2008, em Paris, mais de 40 por cento das crianças nasceram no seio de um casal com nacionalidades diferentes. No entanto, fazer progredir outra língua que não a francesa, no caso, não é propriamente uma missão fácil. Barbara Abdelilah-Bauer defende os benefícios da fusão cultural.

Sophie tem cinco anos e fala três línguas. Em casa, pode falar em francês e em alemão com o pai. Com a mãe, em espanhol. Esta aprendizagem pode parecer um dado adquirido, mas Cecilia e Simon procuraram a ajuda de especialistas. Um dia por semana, Sophie frequenta uma escola alemã. Se, para esta família, o multilinguismo é uma missão que está a ser cumprida, para outras pode ser uma enorme dor de cabeça. É aí que Barbara Abdelilah-Bauer intervém. Esta psicosocióloga, especialista em línguas, aconselha dezenas de casais, num país onde milhões de pessoas têm uma língua materna que não o francês. Curiosamente, muitas delas resistem a ensinar o seu idioma aos filhos.

Informações complementares:

Barbara Abdelilah-Bauer, 06 14 48 15 33, mailto:barbara.abdelilah@gmail.com

Associações em Paris,
http://w35-associations.apps.paris.fr/searchasso/jsp/site/Portal.jsp?page=searchasso&id=2587

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