Os dados revelados pelos satélites levaram à ampliação do espaço de busca do paradeiro do Boeing 777 da Malaysian Airlines.
Estão a ser explorados dois corredores; um que vai da Tailândia ao Cazaquistão e Turquemenistão e outro que parte da Indonésia até ao oeste da Austrália, através do Oceano Índico.
O corredor sul, através do Oceano Índico, é tido como mais credível pelos peritos em aviação, na medida em que em direção ao norte o avião seria obrigado a sobrevoar vários países e seria certamente detetado pelos radares militares.
Dos poucos dados ainda existentes, uma conclusão parece evidente para os peritos americanos. O voo foi desviado. A desativação dos sistemas de comunicação do avião e a mudança de trajetória para o Oceano Índico são, como confirmou o primeiro-ministro malaio no sábado “coerentes com uma ação deliberada de alguém dentro do aparelho, que continuou a voar durante mais sete horas após o último contacto.
25 países envolvidos na operação
O ministro da Defesa e dos Transportes, Hishammuddin Hussein disse na conferência de imprensa deste domingo que as buscas se estendem pelo território e águas de 11 países e envolvem 25 países, num enorme desafio de coordenação e diplomacia.
Os novos países que participam na operação são: Cazaquistão, Uzebequistão, Quirguistão, Turquemenistão, Paquistão, Bangladesh, Birmânia, Laos e França.
As autoridades da Malásia pediram, entretanto, à Índia para suspender as buscas no Golfo de Bengala e próximo das ilhas Andamão e Nicobar.
Investigações centradas nas pessoas que seguiam a bordo
Para além disso, “as autoridades malaias recentraram as investigações na tripulação e nos passageiros do voo MH370 assim como em todo o pessoal de terra relacionado com o voo”, afirmou o ministro.
Na sequência desta decisão foram já efetuadas buscas na residência do piloto, Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos e do co-piloto, Fariq Abdul Hanid, de 27 anos.
Familiares, amigos e vizinhos dos dois homens terão dito aos inspetores que ambos são profissionais e pessoas equilibradas. Na casa do piloto foi encontrado um simulador de voo, o que, segundo os peritos em aviação, é normal para um piloto.
Por outro lado, estão a ser investigadas a vida pessoal e as atividades políticas e religiosas de todos os membros da tripulação e dos passageiros do voo.
Todos os cenários são ainda possíveis
O avolumar das dúvidas e das mais diversas teorias, oito dias após o desaparecimento misterioso do avião, deixam o mundo perplexo e aumentam a angústia das famílias das vítimas que tentam ainda agarrar-se à esperança de que o aparelho possa ter aterrado algures.
Uma esperança ínfima, mas que vai sendo alimentada por teorias como a de Michael McCaul, presidente da Comissão de Segurança Interna da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, segundo o qual “o avião poderá ter aterrado num país como a Indonésia para vir a ser utilizado como missil, como aconteceu no 11 de setembro”.
O cenário é “hollywoodesco”, mas não impossível. Os peritos dividem-se: para alguns, o tamanho e a superfície necessária para fazer aterrar um Boeing tornariam essa façanha muito difícil; outros, porém, pensam que a pessoa que conseguiu fazer o avião escapar aos radares terá capacidade para o fazer aterrar em qualquer sítio.
Um duro golpe para a companhia aérea da Malásia
Qualquer que seja o resultado da investigação, o desaparecimento do Boeing 777 é já um duro golpe para a Malaysia Airlines. Os processos judiciais, as indemnizações e sobretudo a perda de confiança dos clientes e dos investidores são já faturas a pagar.
A companhia de aviação nacional malaia, que é detida a 70% por fundos de investimento do estado registou em 2013 perdas equivalentes a 250 milhões de euros e jã não tem lucros desde 2010.
O impacto financeiro da crise do voo MH370 vai refletir-se por vários anos. Segundo a agência noticiosa France Press, que refere contactos com agentes de viagens, muitos viajantes malaios hesitam em viajar na companhia de bandeira nacional.