UNESCO acusa Estado Islâmico de "razia cultural" e "crime de guerra"

UNESCO acusa Estado Islâmico de "razia cultural" e "crime de guerra"
De  Euronews
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Estátuas dos séculos VII e VIII a.C. foram destruídas em Mosul, no Iraque, pelo autodenominado Estado islâmico no final de fevereiro. Na biblioteca

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Estátuas dos séculos VII e VIII a.C. foram destruídas em Mosul, no Iraque, pelo autodenominado Estado islâmico no final de fevereiro. Na biblioteca pública da cidade iraquiana queimaram manuscritos, classificados como raridades pela UNESCO.

Os radicais seguiram depois para Nimroud, no norte do país onde destruíram ruínas e vestígios arqueológicos do império Assírio. A antiga cidade de Hatra, localizada a uma centena de quilómetros de Mossul, resistiu às invasões romanas, mas não ao vandalismo dos extremistas

Este domingo, o alvo foi a zona arqueológica de Dur Sharrukin, (Dur-Sha-Kin) atual cidade de Jorsabad, no norte do Iraque.

Aos poucos radicais do Estado Islâmico estão a dizimar o património mundial da Humanidade e ninguém parece capaz de por fim ao que a UNESCO classifica como um crime de guerra.

Alasdair Sandford, Euronews – Connosco a partir de Beirute está Axel Plathe, diretor da delegação da UNESCO para o Iraque.
O órgão que representa chamou “razia cultural” e “crime de guerra” ao que se está a passar.
Podem fazer alguma coisa para parar isso?

Axel Plathe, UNESCO – Não podemos enviar exércitos para proteger o património nos diferentes locais. No entanto podemos trabalhar com os nossos parceiros, particularmente o Governo do Iraque, para ver se podemos limitar os estragos e eventualmente evitar outros ataques contra património cultural da humanidade. Mas, neste momento é muito difícil operar no terreno. As Nações Unidas não têm ninguém na zona atualmente controlada por grupos terroristas

A.S. – A direção da UNESCO apelou aos líderes religiosos e políticos da região, ao Conselho de Segurança da ONU, ao Tribunal Penal Internacional… Que medidas gostaria que fossem tomadas?

A.P. – O apelo ao Tribunal Penal é para tratar estas ações como crimes de guerra, que na realidade são. O nosso Diretor Geral também convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para criar uma aliança da comunidade internacional de proteção do património. Também apelámos aos líderes religiosos e políticos para que digam que não há nenhuma justificação política ou religiosa para estes crimes.
Por fim, o que se tem de fazer, é dizer aos jovens que têm de se opor a estas destruições, porque é o futuro deles que está a ser destruído.

A.S. – Acha que as pessoas se sentem impotentes perante a barbárie do Estado Islâmico?

A.P. – Não creio que sejamos impotentes a médio e a longo prazo. Estou convencido que com um forte apoio da comunidade internacional, dos membros do Conselho de Segurança, da comunidade académica, tanto iraquiana como internacional, podemos criar um poder que pode responder adequadamente a médio e longo prazo.

A.S. – Quantos mais locais estão em risco imediato e o que está ameaçado?

A.P. – Nesta região há milhares de locais. Claro que estamos mais preocupados com os mais emblemáticos. Ficámos chocados com que se passou em Hatra, que é Património Cultural da Humanidade, equivale a um ataque às pirâmides do Egito, ou ao local onde nasceu Buda em Lumbini no Nepal. Portanto isto é uma destruição muito violenta. Ashur integra a lista do Património Mundial, bem como a cidade arqueológica de Samarra. São sítios arqueológicos do Iraque, muito importantes.

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